O primeiro lote de arroz importado com o objetivo de evitar aumentos de preços no mercado interno deverá chegar às gôndolas dos supermercados nos próximos 30 ou 40 dias, vindo da Tailândia. Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o produto foi adquirido antes da redução de impostos anunciada pelo governo, mas vai ajudar na estratégia de retomada dos preços antes da especulação que, em função das chuvas no Rio Grande do Sul , aumentou em até 40% o preço dos alimentos.
Durante o programa “Bom Dia, Ministro”, produzido pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC)Fávaro disse que a publicação do edital que estipula o prazo de 90 dias para a primeira compra de arroz sem impostos de importação que, segundo ele, chegam a 12% – o que garantirá melhores preços, bem como abastecimento do produto.
Esse arroz sem impostos de importação terá uma embalagem diferenciada, pois é subsidiado pelo governo federal. “Será identificado com preço máximo de R$ 20 o pacote de 5 quilos de arroz agulha tipo 1. É o arroz para o gosto brasileiro, para o gosto brasileiro. É isso que consome a grande maioria da população”, disse o ministro, destacando que o governo está a controlar gradativamente as compras para manter os preços “em níveis razoáveis para a população”.
Continua após a publicidade
“No que diz respeito às importações de arroz, precisamos olhar o problema de forma holística, levando em conta as consequências que a tragédia no Rio Grande do Sul terá para a população brasileira. O estado concentra 70% do arroz produzido no Brasil. Outros 15% são produzidos em Santa Catarina; e os outros 15% para o resto do Brasil”, disse.
Especulação em meio à tragédia
A tragédia, segundo o ministro, acabou estimulando a ganância de alguns especuladores que tinham o produto em estoque. “Fico repetindo esta frase: o inferno será pequeno porque não caberá tantos malvados que criaram um movimento especulativo baseado na tragédia. Nos últimos 30 dias, o arroz subiu de 30% a 40%”, afirmou.
O aumento preocupou o governo, que acabou editando uma medida provisória autorizando a compra de arroz no mercado externo. “Estamos combatendo essa especulação. Sabemos que o Rio Grande do Sul tem estoque suficiente para abastecer o Brasil, independente da tragédia que aconteceu”, acrescentou, garantindo que, com o aumento da oferta, não haverá necessidade de racionamento ou controle de vendas nos supermercados.
Continua após a publicidade
“Não temos risco de qualquer tipo de escassez, nem mesmo de arroz. O estoque é suficiente. O problema é a situação atual, mas em hipótese alguma [teremos desabastecimento]. O Brasil é um grande player produtor de soja, milho, arroz, feijão, trigo, carne e algodão. Somos os primeiros no mundo e, apesar das dificuldades, temos uma colheita muito boa”, acrescentou.
Durante a entrevista, Fávaro disse que o governo inicialmente tentou comprar 100 mil toneladas de arroz, “mas o mercado foi mais agressivo e aumentou ainda mais o preço”. “Agora vamos mostrar que estamos dispostos a comprar 1 milhão de toneladas. Talvez você nem precise comprar tudo isso”, acrescentou.
O ministro explicou que a chegada deste arroz ao mercado nacional poderá demorar mais ou menos tempo, dependendo de quem for o vendedor. “Se comprarmos da Ásia, demora um pouco mais para chegar”, disse ele.
Continua após a publicidade
Ele lembrou que foi feita uma primeira tentativa de compra de países do Mercosul. “Ficamos muito chateados com essa primeira tentativa de compra com o Mercosul, que é muito mais competitivo porque não há impostos para vendas ao Brasil. Lançamos uma licitação para 100 mil toneladas, mas depois veio a especulação e, com quatro dias de leilão, o volume de recursos disponíveis para comprar 100 mil toneladas foi suficiente para comprar apenas 70 mil.”
“Ficou 30% mais caro. Aí o governo parou e suspendeu o leilão. Agora, o leilão será aberto a todos. Para quem quiser vender para o Brasil”, acrescentou.
Produção descentralizada
Outra estratégia a ser adotada pelo governo é descentralizar a produção de alguns alimentos considerados essenciais ao consumidor brasileiro, para evitar que quebras de safra ou tragédias decorrentes das mudanças climáticas coloquem em risco o abastecimento do país.
Continua após a publicidade
Um passo nessa direção será dado em breve, com o anúncio do novo Plano Safra, que será lançado até o final de junho e que, segundo Fávaro, será o maior da história.
“As alterações climáticas levam-nos a evitar esta concentração [de determinados produtos em algumas regiões]. Por isso, queremos estimular a produção de pelo menos cinco produtos essenciais ao consumo brasileiro: o milho, que, além de ser utilizado como alimento, também é transformado em ração e carne; trigo; o arroz; feijão e mandioca”, explicou o ministro.
Para isso, segundo ele, haverá “incentivos e contratos de opções” direcionados aos produtores de todas as regiões do país. A ideia é, através desta descentralização das produções, evitar produções limitadas a algumas regiões.
Continua após a publicidade
Se isso resultar em excesso de produção, a solução será alocá-la ao mercado externo. “O Brasil já é um grande player em todos esses produtos. Poderemos, assim, exportar e ganhar dinheiro com o excedente, trazendo mais divisas para o Brasil.”