É crescente o número de jovens, entre os 14 e os 24 anos, que não trabalham, não estudam nem procuram trabalho. O chamado “nem-nem” cresceu no primeiro trimestre deste ano, segundo levantamento feito pela Subsecretaria de Estatística e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego. Os dados foram divulgados durante o evento Empregabilidade Jovem, promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) nesta segunda-feira (27), em São Paulo.
Se nos primeiros três meses do ano passado o contingente de jovens “nem-nem” totalizava 4 milhões de pessoas, no mesmo período deste ano atingiu 5,4 milhões. Em entrevista com Agência BrasilA subsecretária de Estatística e Estudos do Ministério do Trabalho e Emprego, Paula Montagner, disse que esse crescimento se deve a diversos fatores e atinge principalmente as mulheres, que representam 60% desse público.
“É muito difícil para as mulheres entrarem no mercado de trabalho, principalmente as jovens. Por outro lado, há esse apelo para que as jovens procurem alguma outra forma de ajudar a sociedade, que é ter filhos mais novos, além de um certo conservadorismo entre os jovens que acham que bastaria ter o marido trabalhando” , ele disse,
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O subsecretário acrescentou que isso significa que eles entram mais tarde no mercado de trabalho e, com menos qualificações, têm mais dificuldade em conseguir um emprego melhor remunerado.
Para tentar reduzir o número de jovens que abandonam o ensino médio, o governo federal lançou recentemente o programa Pé-de-Meia, que oferece incentivos financeiros para que jovens de baixa renda permaneçam matriculados e concluam esta etapa do ensino.
O programa prevê o pagamento de incentivos anuais de R$ 3 mil por beneficiário, podendo chegar a R$ 9,2 mil nos três anos do ensino médio, com acréscimo de R$ 200 para participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na última série. Mas, segundo Paula Montagner, os efeitos desse programa entre os jovens só serão sentidos nos próximos anos.
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Ocupação e vaga
Cerca de 17% da população brasileira é formada por jovens entre 14 e 24 anos, totalizando 34 milhões de pessoas. Desse total, 14 milhões de jovens tinham emprego no primeiro trimestre deste ano.
Entre os jovens ocupados, 45% eram informais, o que corresponde a 6,3 milhões de indivíduos. Esse percentual, segundo Paula Montagner, é superior à média nacional, atualmente em 40%.
“A informalidade tem a ver com o fato de os jovens trabalharem predominantemente em micro e pequenas empresas. Os jovens que ingressam muito cedo no mercado de trabalho e não vão como aprendizes, na maioria das vezes não possuem situação de contratação formalizada. Quase sempre trabalham como assalariados, sem carteira assinada, porque o empregador às vezes fica em dúvida se o jovem irá, de fato, desempenhar as funções corretamente, se vai gostar ou não do trabalho. Então, eles esperam um pouco mais para formalizá-los”, explicou.
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Os jovens que só estudam somam 11,6 milhões de pessoas e o número de desempregados nesta faixa etária chegou a 3,2 milhões em 2024.
Aprendizes e estagiários
A pesquisa também mostrou que recentemente houve um aumento no número de aprendizes e estagiários no país. No caso dos aprendizes, só entre 2022 e 2024 houve um aumento de 100 mil jovens que se tornaram aprendizes. Em abril deste ano já eram 602 mil, o dobro do número de 2011.
Em relação aos estágios, o crescimento foi de 37% entre 2023 e 2024, passando de 642 mil adolescentes e jovens nesta condição para 877 mil este ano.
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Para Rodrigo Dib, da superintendência institucional do CIEE, os resultados desta pesquisa “demonstram que a empregabilidade dos jovens é um desafio urgente para o Brasil”.
“Precisamos incluir essa faixa etária no mundo do trabalho de forma segura e de olho no desenvolvimento desses jovens no médio e longo prazo”, afirmou. Ele considera grave que o Brasil tenha mais de cinco milhões dos chamados “nem-nem”. “São jovens que não têm oportunidades e estão tão desesperados que não procuram uma oportunidade para dar o primeiro passo na sua carreira profissional.”
Paula Montagner entende que, para aumentar a inserção produtiva dos jovens no mercado de trabalho, é necessário primeiro aumentar o nível de escolaridade desse grupo. “Ele precisa estudar, melhorar sua formação e ampliar sua formação técnica e tecnológica”, afirmou.
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“Precisamos também de reforçar as situações de estágio e de aprendizagem ligadas ao ensino técnico e aos cursos profissionalizantes, não só para que os jovens procurem uma inserção para sobreviver, mas para que criem uma acumulação de conhecimentos que lhes permita desenvolver uma carreira, para que possam encontre áreas do conhecimento que sejam do seu interesse”, completou o subsecretário.