A seca que atinge os rios da região Norte do Brasil paralisou o transporte de grãos pelo Madeira, importante corredor hidroviário para transporte de produtos do oeste de Mato Grosso e de Rondônia até os terminais de exportação do Amazonas, afirma a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Amazônia Bacia (Amport).
Amport também afirmou, ao Reutersque o transporte de grãos em barcaças pelo rio Tapajós registra atualmente uma redução de volumes em torno de 40%. Essa hidrovia liga um terminal fluvial em Itaituba (PA), que capta cargas do Mato Grosso e áreas próximas, aos portos de exportação do Corredor Amazonas.
A situação, que aumenta os custos para o setor exportador obrigado a desviar cargas para o Sul/Sudeste, demonstra um agravamento da seca e até uma antecipação dos problemas de navegabilidade registados no ano passado.
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Os rios da região, que vêm ganhando importância nos embarques do maior exportador mundial de soja, também tiveram redução nos níveis das águas em 2023, mas com maior força a partir de setembro, e não a partir de agosto como em 2024.
O problema não é maior porque o Brasil já exportou a maior parte dos grãos que espera para 2024, ano que também registrou menores volumes de soja e milho devido à quebra de safra.
“A navegação de cereais na Madeira encontra-se neste momento paralisada devido às profundidades dos pontos críticos do rio rondarem os 2 metros, inviabilizando comercialmente a navegação”, disse. Reuters o presidente da Amport, Flávio Acatauassú.
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Os portos do chamado Arco Norte, que incluem Barcarena (PA), Itaqui (MA), Santarém (PA) e Itacoatiara (AM), entre outros, foram responsáveis por 33,8% das exportações brasileiras de soja em 2023 e por 42,5%. % do total dos embarques brasileiros de milho no ano passado, segundo dados do Anuário Agrologístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A navegabilidade piorou em relação à semana passada. Segundo informações da Amport, o transporte de grãos ainda ocorreu na Madeira, com redução de 50%, enquanto no Tapajós a redução nas cargas foi de 30%, segundo a associação, que tem entre seus associados empresas como Cargill e Hidrovias do Brasil.
Entre outros produtos transportados por hidrovias no Norte de interesse do agronegócio estão os fertilizantes, a maior parte importada pelo Brasil.
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A Cargill, assim como o conglomerado brasileiro Amaggi, possui terminais de transbordo na Madeira, em Porto Velho (RO). Procuradas sobre a paralisação da navegação, as empresas não comentaram o assunto de imediato.
A reduzida capacidade de transporte de cereais pelos portos do Norte tem tido impacto nos custos das empresas exportadoras, uma vez que exportar produtos da região centro do país é mais barato do que a rota pelo Sul/Sudeste, disse esta quarta-feira o Conselho Nacional. Associação dos Exportadores de Cereais (Anec).
Segundo a entidade que representa as principais tradings exportadoras do país, incluindo as multinacionais, o setor estava ciente da situação e não deve haver redução nos volumes globais esperados para os embarques do Brasil.
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“Não deverá haver perdas nas exportações de grãos devido à seca no Norte, pois os comerciantes trabalham com um nível de precaução muito elevado”, disse o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, ao Reutersesta quarta-feira.
A expectativa é que o Brasil feche setembro exportando a maior parte dos volumes de grãos previstos para 2024, ano que deverá sofrer queda em relação ao recorde do ano passado devido às colheitas menores. No caso da soja, as exportações já somam quase 90 milhões de toneladas, de um total de 99 milhões de toneladas projetadas pela Anec para este ano.
No caso do milho do Brasil, um dos maiores exportadores mundiais do cereal, os embarques no ano até o final deste mês deverão totalizar 23,4 milhões de toneladas, contra estimativa de 41 milhões de toneladas para 2024, segundo a Anec.
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Mendes disse que devido ao baixo nível dos rios no Norte, o setor tem redirecionado as cargas para os portos do Sul e Sudeste. Mas ele admitiu que isso tem um custo.
“Tomando como exemplo uma carga que sairia de Sorriso (MT) pelo porto de Barcarena e precisaria ser remanejada para o porto de Santos, essa carga teria um prejuízo de 21 dólares por tonelada”, explicou.
Expectativa de melhoria
“Nossa sensação com o ‘La Niña’ em 2024 é que houve uma antecipação das vazantes do rio para agosto/setembro, o que só aconteceu no ano passado em setembro/outubro. Da mesma forma, a retomada das chuvas poderá ser antecipada”, disse Acatauassú, da Amport.
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Questionado se o setor trabalha com a expectativa de que a situação melhore mais cedo neste ano, eventualmente com a volta das chuvas, num cenário de La Niña, ele concordou.
O fenômeno climático, que se configura em 2024, traz geralmente mais chuvas para as regiões Norte do país.
A Hidrovias do Brasil, que no Pará está concentrada na rota Itaituba/Barcarena, ao longo dos rios Tapajós e Amazonas, disse Reuters anteriormente que continuava a operar em “condições compatíveis com a sazonalidade histórica da região, porém com tendência de agravamento em pontos críticos”.
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