A surpresa positiva de um IPCA-15 de setembro (de 0,13%) abaixo até mesmo das projeções mínimas de bancos e corretoras deve gerar algumas revisões para baixo no indicador fechado do mês, mas não deve modificar as estimativas ainda realizadas para o ano, segundo avaliação dos economistas. A explicação é que os dados reconhecidamente benignos da antevisão oficial da inflação hoje divulgados centraram-se nas variações voláteis dos preços, mas os riscos ascendentes continuam presentes.
Os especialistas destacam que, durante o mês, tiveram um impacto especial os preços dos bilhetes nos cinemas, que tiveram promoções em setembro, pois naturalmente esta deverá ser revertida em outubro. Além disso, a nova queda observada no seguro voluntário de veículos, à semelhança do ocorrido em agosto, ocorreu após um aumento muito forte em julho, o que ilustra a volatilidade.
Globalmente, porém, os riscos para os preços dos serviços permanecem, provenientes do mercado de trabalho aquecido, com o aumento dos salários, e dos efeitos climáticos nos alimentos e na energia, entre outros.
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Alexandre Maluf, economista da XP, destacou em sua análise a inflação dos serviços subjacentes, um dado muito importante para o Banco Central nas decisões de política monetária. A XP, por exemplo, projetava alta de 0,32%, mas o grupo chegou a zero no mês.
O economista reforçou que isto se explica por duas sub-rubricas: a principal foi cinema, teatro e concertos, com uma deflação mensal de 5,8%, em grande parte devido à semana de promoções nos cinemas, cujo impacto era esperado mais tarde, na divulgação do IPCA Pleno. Mas alerta que os preços nos cinemas deverão regressar em outubro, como normalmente acontece após um período de descontos.
O outro subitem citado foi o seguro voluntário de veículos, que teve forte alta em julho após a tragédia climática no Rio Grande do Sul e que ainda apresenta retorno.
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“Mas, para além desta volatilidade, foi uma leitura benigna para a inflação dos serviços. A métrica do BC para serviços intensivos em mão de obra também ficou abaixo do esperado. Tudo isso reforça uma leitura de que se tratava de uma inflação benigna”, comenta.
Essa média básica aumentou 0,17%, quando era esperado 0,31%. A métrica de três meses anualizada e ajustada sazonalmente caiu de 4,2% para 4%, enquanto a leitura específica para serviços subjacentes caiu de 5,3% para 4%.
Em relação à alimentação, Maluf destaca que houve deflação de 0,01% nos itens consumidos em casa, mesmo com o tempo seco pressionando os produtos in natura, principalmente frutas. “Esperamos que apareça um número mais positivo para alimentação no IPCA fechado de setembro”, prevê.
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Mas mesmo com o alívio demonstrado na abertura do IPCA-15, o economista da XP alerta que os fundamentos da inflação não apontam para uma continuação da desinflação, nem nos serviços nem nos preços industriais. “Os fundamentos não indicam que esse ponto benigno de setembro deva virar tendência e continuamos esperando um BC cauteloso. O ambiente atual exige cautela, apesar dos dados benignos de hoje”, afirma.
Para ele, a demanda interna ainda sólida e o mercado de trabalho aquecido, com aumento dos salários, deverão continuar apresentando revalorização dos IPCAs até o final do ano e ao longo do início do ano que vem.
Os riscos ascendentes permanecem
Os alertas sobre a volatilidade também foram feitos por Lucas Barbosa, economista da AZ Quest. Para ele, os dados de hoje vieram com muito boa qualidade, com surpresas espalhadas por todos os segmentos, mas concentradas em serviços e alimentação. Mas este alívio nos serviços, por exemplo, veio com ressalvas.
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“De onde vieram essas surpresas? Dois itens específicos: a seção de cinema, que este mês teve algumas promoções pontuais (…) item que deve retornar em alta nas próximas leituras, principalmente em outubro”, menciona.
O outro item que surpreendeu negativamente foi o seguro voluntário de veículos, destaca Barboza, citando deflação de 2,5% frente à estabilidade esperada. Mas ele lembra que esses preços subiram de forma muito acentuada em julho (4,40%), seguidos de deflação (-1,26%) em agosto. “Portanto, há uma volatilidade muito grande nesses itens, que pesam na parte de serviços subjacentes”, explica.
Em relação à alimentação fora de casa, a variação de 0,22% no mês surpreendeu o economista, já que o mercado de trabalho aquecido tem mantido bom atendimento em bares e restaurantes, mas mesmo os preços registram variações baixas. “É uma dinâmica nova, com forte atividade e alguns subitens de serviços abaixo da média histórica”, afirma.
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Mas mesmo com a desaceleração dos serviços durante o mês, Barbosa diz que a situação não é confortável. A queda de 5,1% para 4,8% na leitura de 12 meses ainda mostra um nível elevado para os serviços, com riscos ascendentes.
“Existem riscos muito claros para a inflação dos serviços. Mercado de trabalho muito aquecido, salários a crescer tanto em termos nominais como reais e alguns sectores reportando escassez de mão-de-obra. Alguns itens como aluguel e condomínio apresentam tendência de alta. Os riscos são assimétricos”, reforça.
Com os dados benignos de setembro, o AZ Quest deverá revisar sua projeção de IPCA fechado do mês, hoje, em 0,57%, para algo em torno de 0,50%. Mas com os riscos citados, o número fechado de inflação do ano de 4,60%, isso não deve mudar.
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Leonardo Costa, economista da ASA, também considera que a surpresa benigna com os serviços no IPCA-15 de setembro foi potencializada pela deflação dos cinemas.
Assim, ele revisou para baixo a inflação de setembro, de 0,63% para 0,50%, devido à apropriação de serviços mais fracos no IPCA-15, mas elevou a de outubro, de 0,41% para 0,46%, devido ao fim da promoção cinematográfica, que deve acelerar os serviços essenciais.
A projeção do IPCA para 2024 foi alterada de 4,6% para 4,5% e a para 2025 permanece projetada em 4,1%.
E quanto ao tamanho do ciclo de juros?
Para Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, os dados “extremamente benignos” de setembro, tanto na manchete quanto na composição, não impedirão que o BC continue aumentando os juros, mas poderão contribuir para um debate sobre o tamanho do o ciclo ascendente. Na sua avaliação, o risco de um ajustamento superior aos 150 pontos base atualmente estimados pode ser minimizado.
Mas isso vai depender de vários outros dados, como o tamanho do hiato positivo do produto, que deverá ser divulgado amanhã.
Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, a desaceleração de setembro afetou, de forma generalizada, diversos componentes da inflação. A principal delas foi a inflação subjacente de serviços – que exclui itens mais voláteis –, que permaneceu estável (0%) ante uma projeção de mercado de aumento de 0,31%.
“Mas a surpresa não se restringiu à inflação nos serviços. Outros itens do IPCA-15 também ficaram abaixo do esperado, como passagens aéreas, alimentação no domicílio, bens industriais e preços monitorados”, destaca.
Contudo, o economista concorda que a desaceleração da inflação dos serviços em setembro não deve representar uma tendência. “Os dados de inflação são voláteis e vamos monitorar os próximos números que forem divulgados. Continuamos vendo a inflação dos serviços pressionada pelo mercado de trabalho aquecido e por ganhos salariais acima da produtividade. Além disso, fatores climáticos, como a seca que atinge os reservatórios das hidrelétricas, também pesam no preço da conta de luz”, enumera.
O C6 Bank mantém a projeção de que o IPCA feche o ano em 4,7%, acima do teto da meta. Para 2025, a inflação deve ficar em 4,8%, segundo estimativas do banco digital.
Claudia afirma que tudo indica que o Copom continuará com o ciclo de aumento da Selic nas próximas decisões. “Acreditamos que o tom duro do comunicado sugere até um aumento maior, de 0,5 ponto percentual, nas reuniões de novembro e dezembro. Projetamos Selic em 11,75% ao final de 2024 e 10% ao final de 2025.”
Na opinião de Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, a característica do indicador, mais uma vez, mostrou que os impactos da política monetária desanimadora prevaleceram sobre o IPCA, passados os choques específicos.
“A inflação atual, tanto mensal quanto anual, tem refletido de forma mais intensa os impactos da política monetária do que o aquecimento do mercado de trabalho, o que implicaria um vetor de pressão inflacionária”, comenta.
“Até agora, as medidas subjacentes não mostram desenvolvimentos que estejam em descompasso com o mandato do Banco Central. Os impactos da depreciação cambial no indicador, embora possam ser observados em alguns itens, também têm sido insignificantes, por enquanto, e insuficientes para modificar a característica positiva do indicador.”
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