O Brasil só deve avançar 1,7% ao ano na próxima década, o desempenho mais baixo entre as principais economias emergentes do mundo. A projeção foi feita por Ray Daliofundador da Bridgewater Associates e criador do fundo mais rentável do mundo, em relatório divulgado esta semana. O estudo analisou 35 países.
Segundo o megainvestidor, o desempenho do Brasil será influenciado principalmente pela produtividade por trabalhador (relação entre bens ou serviços gerados em determinado período), que deverá apresentar aumento da 1,6%e a maneira como o funcionário lida com o emprego.
“Os trabalhadores têm uma ética de trabalho relativamente fraca (considerando uma variedade de indicadores, incluindo horas trabalhadas, idade de reforma e tempo de férias), o seu nível de apoio governamental é elevado (com as despesas do governo a 47% do PIB e os pagamentos de transferências para as famílias a 15% do PIB). ) e os seus mercados de trabalho são moderadamente rígidos”.
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Para efeito de comparação, a previsão de Dalio é que a Argentina cresça 2% ao ano na próxima década, enquanto o México crescerá 2,5% e a Índia registrará expansão de 6,3%. A produtividade por trabalhador na Argentina foi de 1,2%, no México 1,7% e na Índia 5,3%.
Desigualdade, riqueza e educação
Dalio também citou que as diferenças de riqueza entre pobres e ricos, a falta de investimento em investigação e inovação, a burocracia, os níveis de corrupção do país e o “estado de direito inconsistente” também são impedimentos para um crescimento mais rápido.
Outro ponto mencionado foi a educação. O material mencionava que o Brasil tem apenas 3% dos bacharéis do mundo e apenas 2% dos doutores. No Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que avalia os sistemas educativos em todo o mundo, a pontuação do país é de 397, em comparação com 479 da média global, disse ele.
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Dívida e recursos naturais
Para Dalio, o principal ponto forte do Brasil hoje é a riqueza de recursos naturais, principalmente a estrutura geológica. O investidor disse ainda que a população se destaca nos níveis de competitividade e felicidade, que levam em conta a proporção de pessoas socialmente satisfeitas e as taxas de suicídio.
A dívida do Brasil, incluindo a dívida das empresas financeiras, é de 190% do PIB, abaixo da média global de 236%, algo considerado “um pouco melhor que a de outros países”. Mas “nos últimos anos, o seu crescimento não foi apoiado nem deprimido pela criação de crédito, que é neutro para o crescimento futuro”, disse ele.
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