O Banco Central da Argentina enviou parte das suas reservas de ouro ao exterior nas últimas semanas para serem validadas para uso financeiro, uma medida que poderia dar ao país a flexibilidade necessária, segundo fontes com conhecimento direto do assunto.
Uma vez certificado, o ouro poderá ser usado como garantia para obtenção de financiamento, segundo uma das fontes, que pediu para não ser identificada por discutir informações privadas. Antes da medida, cerca de metade do ouro da Argentina estava em cofres nacionais, enquanto a outra metade estava em Londres, disse outra pessoa.
Autoridades do Banco Central, conhecido pela sigla BCRA, não quiseram comentar o assunto.
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A autoridade monetária confirmou separadamente nesta segunda-feira (2) que enviou ouro entre suas contas, mencionando contas nacionais e internacionais. No entanto, o banco não informou quanto dos seus quase US$ 5 bilhões (cerca de R$ 28 bilhões) em ouro foi enviado, por que motivo ou para onde.
Os responsáveis do banco também criticaram o que chamaram de relatórios “irresponsáveis” sobre o envio de ouro para o estrangeiro, sublinhando que a gestão das reservas sempre foi mantida confidencial.
O jornal Página 12 publicou no dia 19 de agosto um vídeo de um caminhão com a logomarca do BCRA na rodovia, informando que estava a caminho do principal aeroporto internacional de Buenos Aires com US$ 250 milhões (R$ 1,4 bilhão) em barras de ouro.
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As manobras do ouro destacam os desafios de longo prazo que o presidente argentino Javier Milei enfrenta. As reservas internacionais precariamente baixas estão a impedir a sua capacidade de eliminar os controlos cambiais e a aumentar as preocupações dos investidores sobre a capacidade da sua administração de pagar as suas dívidas.
O ministro da Economia, Luis Caputo, disse na semana passada que o governo pagaria as dívidas vencidas em janeiro de 2025, mas não procuraria novo financiamento internacional até o início de 2026.
Não está claro como Caputo e o presidente do Banco Central, Santiago Bausili, usarão o ouro transferido para o exterior para ser certificado. Mas o ministro da Economia já disse que o governo está a negociar um veículo especial de compra, ou acordo de recompra, com os bancos comerciais.
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Para ser considerado válido para uso financeiro, o ouro deve atender aos padrões estabelecidos pela London Bullion Market Association. Uma vez certificadas, as barras podem ser livremente negociadas entre instituições do mercado, segundo o site da LBMA.
O Banco Central da Argentina tem mais passivos do que dinheiro, um problema conhecido como reservas líquidas negativas. Um balanço no vermelho há muito que alimenta a desconfiança dos investidores no peso e mantém a maior parte da dívida soberana abaixo dos 60 cêntimos por dólar, embora tenham recuperado desde que Milei assumiu o poder no ano passado. As reservas líquidas estão atualmente em torno de US$ 6,9 bilhões negativos, de acordo com a corretora local Portfolio Personal Inversiones.
O banco central já utilizou parte de seu ouro durante a gestão de Federico Sturzenegger à frente da instituição, de 2015 a 2018. Na época, realizou operações futuras para obter retorno de parte de suas reservas de ouro.
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Caputo defendeu o envio do metal precioso para o exterior em entrevista em julho ao canal de televisão local LN+. “Se você tiver ouro no exterior, poderá obter um retorno – e o país precisa maximizar o retorno dos seus ativos”, disse ele.
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