A onda de queimadas nos canaviais no Estado de São Paulo deverá resultar em impacto financeiro de até R$ 350 milhões para os produtores de cana devido às áreas atingidas pelo fogo entre sexta e sábado (23 e 24). A estimativa é do presidente da Organização das Associações dos Produtores de Cana do Brasil (Orplana), José Guilherme Nogueira, em entrevista ao Estadão/Transmissão. Segundo ele, 59 mil hectares de áreas plantadas com cana-de-açúcar foram queimados nos últimos dois dias.
O cálculo da Orplana leva em conta a perda de produtividade nas regiões afetadas pelos incêndios. A entidade estima que a produtividade deverá cair de mais de 100 quilos por hectare de cana nessas áreas para cerca de 40 quilos por hectare. Ele destacou que a queda na produtividade já era significativa antes dos incêndios, com redução de 30% na temporada 2024/25, que agora pode chegar a 60% devido aos prejuízos.
O CEO da Orplana destacou ainda que o impacto dos incêndios é ampliado pela deterioração da cana-de-açúcar após o incêndio. “A cana que pega fogo começa a deteriorar depois de quatro, cinco, sete dias”, explicou Nogueira. Esse processo compromete ainda mais a capacidade de colheita e a qualidade da cana moída, agravando as perdas financeiras dos produtores.
Nogueira informou que foram registados 305 novos incêndios no sábado, sendo cerca de 3.600 incêndios na sexta-feira, um número “10 vezes maior” do que no mesmo período do ano passado. A umidade relativa extremamente baixa e as altas temperaturas contribuíram para a propagação dos incêndios. Os principais incêndios entre quinta e sexta ocorreram nas regiões de Olímpia e São José do Rio Preto. No sábado, destacou o presidente da Orplana, as novas ocorrências foram principalmente nas regiões de Sertãozinho e Cajuru.
O monitoramento da Orplana indica que as condições estão melhorando nas regiões onde ocorreram os incêndios, devido às chuvas em cidades como Piracicaba, Monte Aprazível, Ribeirão Preto e Cajuru desde o último sábado. Além disso, a Orplana colabora com o governo do estado em um escritório de crise, mobilizando caminhões-pipa e recursos para controle de incêndios.
Nogueira enfatizou a necessidade de um plano de ação estruturado para combate aos incêndios. “Precisamos de linhas de financiamento mais baratas para compra de caminhões-pipa e aumento do número de bombeiros”, afirmou. Destacou ainda a necessidade de um plano de ação mais robusto, que, na sua opinião, possa inspirar-se em modelos internacionais como os de Portugal e da Califórnia, para fazer face à crescente frequência e intensidade dos incêndios.
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Para o CEO da Orplana, a crise actual é agravada por uma combinação de factores climáticos e actividades humanas. “A onda de calor, causada pelas alterações climáticas e pelo aumento das temperaturas globais, tornou as secas mais intensas e severas”, disse ele. Enfatizou que “estes eventos, que antes eram raros, agora são frequentes e críticos”, com humidade relativa extremamente baixa e temperaturas muito elevadas.
Os incêndios também foram amplificados por práticas humanas imprudentes. “Atividades como jogar bitucas de cigarro na beira da estrada ou atear fogo perto de áreas secas são muitas vezes responsáveis por focos de incêndio”, explicou ela. Enfatizou que “a grande maioria dos incêndios é causada por atividades humanas”, destacando a importância das medidas de sensibilização e prevenção.
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