As revisões do Payroll, relatório de empregos dos Estados Unidos, divulgado nesta quarta-feira (21) mostraram um mercado de trabalho muito menos aquecido do que se imaginava. Por outro lado, a Ata do Fomc, também divulgada nesta quarta-feira, já demonstrava grande preocupação com a ocupação nos EUA, o que nos leva a crer que o item se tornou o principal ponto a ser observado na política monetária.
Francisco Nobre, economista da XP, participou nesta quinta-feira (22) do programa Chamada matinal XPe explicou que o mercado de trabalho nos Estados Unidos estava bastante aquecido, mas agora “esfriou” de vez, principalmente acompanhando as avaliações apresentadas pelo departamento americano.
Deterioração do mercado de trabalho
O analista fez algumas anotações sobre esta situação. Uma delas é que a taxa de desemprego cresce de forma “preocupante”, mas do ponto de vista da desinflação ainda apresenta um certo “equilíbrio”.
Por outro lado, disse que tem de avaliar se a deterioração do mercado de trabalho terá implicações mais significativas para a política monetária. “Isso poderia forçar o Fed (Federal Reserve) a agir mais rapidamente no corte das taxas de juros”, destacou.
Ele lembra que a ata do Fomc é divulgada três semanas após a reunião, o que significa que é preciso analisar o que aconteceu entre a última reunião da comissão e a divulgação do documento.
“O que aconteceu nesse período foi que o relatório da Folha de Pagamento (divulgado dois dias depois da última reunião do Fomc) já estava mais fraco”, destacou.
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Pronto para cortar taxas de juros
“A ata reforça que o Fomc está pronto para cortar juros”, disse. “Eles dizem claramente que se os dados se comportarem da forma que esperam, irão cortar (as taxas de juro) na reunião de setembro. O ciclo de flexibilização deve começar na próxima reunião”, afirmou.
O economista destaca que a Ata do Fomc refletiu uma preocupação maior com o mercado de trabalho e que os dados mostraram de forma mais clara uma deterioração maior no item.
“É importante considerar isso no contexto. Pouco depois da reunião (do Fomc), vieram aqueles dados mais pessimistas do mercado de trabalho”, disse. “Isso pode mostrar um movimento um pouco mais agressivo à frente”, acrescentou.
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Folha de pagamento de agosto
Para Francisco Nobre, a dimensão do corte da taxa de juro nos Estados Unidos, seja de 0,50 pp ou de 0,25 pp, dependerá em grande parte do próximo Payroll de agosto, a ser divulgado no dia 6 de setembro.
É com estes números em mãos que acontecerá a reunião do Fomc nos dias 17 e 18 de setembro, para definir como o Fed iniciará o ciclo de cortes.
“O mercado nos últimos dois anos tem sido muito sensível aos dados de inflação, mas o maior peso agora está nos dados trabalhistas”, disse ele. “Pensamos que vão cortar 0,25pp porque o mercado de trabalho não está a deteriorar-se tanto, e também faz sentido começar a um ritmo gradual – se necessário, acelerar mais tarde”, concluiu.
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