O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, apontou nesta terça-feira (20) uma melhora no cenário externo, diante da expectativa de corte de juros nos Estados Unidos. Ele disse que houve uma diminuição nas últimas seis ou sete semanas no risco de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não cortar ou demorar mais para começar a baixar as taxas de juros na maior economia do mundo, o que prejudicar a liquidez global, com impacto em economias emergentes como o Brasil.
Segundo Campos Neto, o risco de a economia norte-americana não desacelerar, o chamado “no landing”, que poderia fechar o espaço para o Fed começar a cortar os juros, é menor. Hoje, o que prevalece, sublinhou, é o cenário de aterragem suave nos Estados Unidos.
O presidente do BC lembrou que o ponto de inflexão foi a divulgação de indicadores mais fracos nos Estados Unidos, levando a uma expectativa que considerou “precipitada” de uma desaceleração um pouco mais forte no país. “O cenário predominante é de desaceleração organizada nos Estados Unidos”, comentou, durante o Macro Day, fórum realizado pelo BTG Pactual.
Embora reconheça que as propostas debatidas nas eleições americanas são inflacionárias, Campos Neto considerou que o mercado começou a entender que há menos espaço para políticas anticíclicas no mundo, pois os governos não têm espaço fiscal para responder a uma desaceleração da economia. atividade.
A observação foi feita depois de Campos Neto ter destacado que a dívida global cresceu muito rapidamente, levando a um aumento dos custos de manutenção, levando como consequência a um aumento do custo de financiamento que começa a ser sentido em alguns países emergentes.
Assim, a percepção de melhoria fiscal no mundo tornou-se mais sincronizada e a tendência é que os impulsos fiscais desacelerem em diversas partes do mundo. “Nos últimos tempos, parece haver um entendimento de que o setor fiscal ficou mais sintonizado com o mundo”, disse o presidente do BC, acrescentando que o “abismo fiscal” está acontecendo de forma “mais ou menos organizada” .
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O Brasil já atravessa uma desaceleração fiscal “ordenada” e isso tem efeitos no crescimento económico e nas expectativas, argumentou. Campos Neto.
Ele repetiu a mensagem de que o BC fará o que for necessário, inclusive elevando os juros se necessário, mas que a autoridade não dará orientações futuras para a política monetária.
Ao falar sobre o cenário externo, ele também observou que o grande volume de “carry trade” – quando o investidor pega um empréstimo em países onde a taxa de juros é baixa e investe em mercados onde ela é mais alta, para fazer a diferença – com o iene está sendo desarmado. Por outro lado, lembrou, a China vive um abrandamento, passando do consumo externo para as exportações, com os seus produtos a enfrentarem tarifas elevadas nos mercados externos.
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(Com a Reuters)
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