A confirmação de um caso de doença de Newcastle em uma fazenda comercial em Anta Gorda (RS) deve pressionar os preços da carne de frango exportada pelo Brasil, disse o presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Para ele, este é um dos possíveis efeitos do recente incidente sanitário, bem como do aumento da competição por espaço no mercado internacional e da imposição de embargos por outros países.
“Isso pode ter impacto no preço, com alguns compradores aproveitando esse momento de incerteza para fazer negócios em uma situação mais confortável”, disse. “O Brasil é o principal mercado de exportação do mundo e me parece natural que outros países procurem aproveitar isso para colocar seus produtos no mercado”, acrescentou.
O presidente da AEB chamou a atenção para as perdas econômicas diárias que o Brasil enfrenta, com a paralisação dos embarques de carne de frango para países que o Ministério da Agricultura optou pelo autoembargo. “Podemos pegar o valor que o Brasil exporta para esses mercados durante um ano e dividir por 365 dias para ver quanto se perde diariamente. É um valor considerável”, afirmou.
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Na última sexta-feira, 19, em entrevista coletiva, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, estimou que o impacto do pior cenário seria de até 60 mil toneladas ou, aproximadamente, 15% da carne de frango exportados mensalmente pelo país.
Castro destacou que a interrupção das exportações devido à doença de Newcastle não afeta apenas o comércio direto, mas toda a cadeia produtiva. “O impacto não é apenas nas vendas de frango, mas em toda a cadeia produtiva. Se houver menos frango vendido, haverá menor demanda por soja e milho. Portanto, o impacto é em toda a cadeia produtiva.”
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Por isso, o presidente da AEB citou a necessidade de soluções rápidas e eficazes, com uma abordagem que minimize os impactos negativos. Na semana passada, o Ministério da Agricultura suspendeu preventivamente a exportação de produtos avícolas para 44 países. As medidas, porém, variam quanto à área e produtos do autoembargo, dependendo do país.
As decisões mais restritivas envolvem a suspensão das exportações de todo o Brasil para China, Argentina, Peru e México, incluindo carne de aves, carne fresca de aves e seus derivados, ovos, carne para alimentação animal, matéria-prima de aves para opototerápicos, preparados de carne, não tratados hemoderivados.
Na visão do presidente da AEB, os maiores efeitos do caso da doença de Newcastle recairão sobre a avicultura gaúcha, que já vinha sofrendo este ano com os desafios causados pelas chuvas no Estado. “Há um desafio adicional, no Rio Grande do Sul, região que já sofreu muito recentemente com o impacto das chuvas e destruição de estruturas”, disse.
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Nos primeiros seis meses do ano, o Rio Grande do Sul exportou 354 mil toneladas de carne de frango, com receita de US$ 630 milhões. Essas exportações representaram 13,82% dos US$ 4,55 bilhões gerados pelo país e 14,1% dos 2,52 milhões de toneladas exportadas pelo Brasil no mesmo período.
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