A confirmação da desaceleração da inflação ao consumidor nos Estados Unidos renovou a esperança de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começaria a cortar os juros na reunião de setembro – probabilidade que havia perdido força após a alta dos preços no começo do ano. ano. Os economistas viram surpresas positivas no mês tanto na leitura final do indicador quanto nos detalhes de serviços e habitação, que vinham apresentando maior resiliência.
O IPC divulgado hoje apresentou queda de 0,1% na leitura mensal de junho e perda de força na comparação de 12 meses, para 3,0%, o menor em um ano. O núcleo da inflação anualizado foi de 3,3%, o menor desde abril de 2021.
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Com esse alívio, a probabilidade de cortes a partir de setembro saltou, segundo a ferramenta FedWatch do CME Group, passando de 69,7% ontem para 81,3% hoje. Há um mês, essa chance era de 46,8%.
Composição mais suave
Francisco Nobre, economista da XP, destaca em sua análise que, além das leituras mais benignas do indicador completo, as medidas de inflação subjacente também surpreenderam novamente no sentido descendente, com boas leituras tanto para as categorias de bens quanto para as categorias de serviços. “No geral, depois das impressões agressivas do primeiro trimestre, o segundo trimestre foi benigno”, disse ele.
Nobre citou a moderação da inflação subjacente, do índice ‘supercore’ (que exclui habitação) e da própria inflação do setor imobiliário no mês. “De grande relevância, a inflação do abrigo aumentou 0,17% no mês e sua inflação anual caiu de 5,41% para 5,16%. Isso representou a leitura de abrigo mais suave desde abril de 2021”, compara.
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Após a divulgação do IPC, o modelo XP indica que a inflação básica ao consumidor (PCE) deverá registrar os mesmos 0,06% em junho, levando sua variação anual de 2,57% para 2,46%.
Para Nobre, a impressão do IPC de junho foi ainda mais benigna do que os dados de maio, o que deverá aliviar consideravelmente as preocupações relativas às perspectivas de inflação. Mas, ainda que a queda tenha sido particularmente animadora com menor pressão sobre as categorias de serviços, o economista considera que a inflação continua acima da meta.
“Em nossa opinião, os dados do terceiro trimestre serão cruciais para definir se a dinâmica benigna da inflação mais recente é sustentável ou não. Quanto à nossa decisão de política monetária, temos afirmado que a Fed reduziria as taxas pela primeira vez em Dezembro, e os riscos estão agora consideravelmente inclinados para o lado negativo”, disse ele.
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Nobre comenta que é cada vez mais claro que a economia dos EUA está finalmente a responder a uma política monetária restritiva e há evidências progressivas de que a actividade está a abrandar, o mercado de trabalho está a alcançar um melhor equilíbrio e a inflação está a diminuir. “Aguardaremos os indicadores de inflação de julho para potencialmente revisar nossa previsão.”
Tatiana Pinheiro, economista-chefe para o Brasil da Galapagos Capital, observa que os resultados animaram os mercados e renovaram as apostas no início do corte em setembro, mas alerta que isso não está garantido.
“Observamos que o ‘supercore’, inflação de serviços excluindo habitação, de 4,58% ao ano ainda está longe da marca alcançada em dezembro, de 3,92% ao ano, quando o Fed se mostrou positivo com a aproximação do ciclo de corte de taxas. interesse”, compara.
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Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, também evita dizer que o Fed vai antecipar o início da flexibilização monetária, mas reconhece que a composição do índice corrobora a trajetória de perda de força da inflação. “Em termos anualizados, a inflação de serviços nos últimos três meses desacelerou de 4,7% em maio para 3,1% em junho, o que poderá contribuir para a convergência da inflação em direção à meta”, destaca.
Para ela, os números de hoje, aliados aos dados mais recentes do mercado de trabalho, devem aumentar a confiança do Fed para iniciar o ciclo de redução dos juros ainda este ano.
A confiança do Fed pode aumentar
André Valério, economista sênior do Inter, por sua vez, comenta que o resultado de junho foi influenciado pela forte queda do grupo energia e pela aceleração da deflação de bens. Além disso, ele lembra que a inflação de serviços perdeu força no mês, com destaque negativo para a inflação de alimentos.
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“O supernúcleo, medida que exclui os gastos com habitação do núcleo da inflação de serviços, registrou variação negativa pelo segundo mês consecutivo, apresentando queda de 0,05% em junho e desacelerando no resultado acumulado em 12 meses de 4,7% para 4,0%. 6%”, menciona.
Na sua análise, o IPC de Junho foi largamente positivo, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo. Ele lembra que Jerome Powell, presidente do Fed, já havia afirmado que gostaria de ver dados benignos da inflação para ganhar maior confiança de que a inflação está convergindo para o centro da meta e assim o ciclo de cortes de juros pode começar.
“As últimas três leituras do IPC certamente contribuíram para o aumento desta confiança, além disso, os sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho fizeram o Fomc reavaliar o seu equilíbrio de riscos, conforme mencionou Powell em seu depoimento ao Congresso dos EUA esta semana”, reforça.
Assim, o Inter mantém o cenário de iniciar o ciclo de cortes na reunião de setembro, com pausa em novembro e outro corte em dezembro. “Esperamos que na reunião do final deste mês a comissão estabeleça as bases para iniciar o ciclo de cortes”, prevê.
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, também avalia que a CPI de junho renovou as esperanças na retomada do processo de desinflação nos EUA. “Esta é a segunda leitura que indica uma retomada do movimento em direção à meta e já podemos assumir que a tão esperada confiança extra dos membros do Fomc deve estar se formando”, comenta.
“Depois do anúncio de hoje, o mercado considera praticamente certo que o primeiro corte nas taxas de juros ocorrerá na reunião do FOMC em setembro”, afirma.
Na opinião de Gustavo Zuquim, gestor de carteira do Andbank, hoje houve a confirmação de que a inflação está sendo contida sem grandes perturbações no mercado de trabalho. O efeito disso são ganhos em todos os ativos, tanto de renda fixa quanto de renda variável, que aumentam hoje além da alta do dia anterior. “A boa notícia para os brasileiros é que o dólar está caindo devido ao efeito de fechamento da curva de juros americana.”
Para Rodrigo Cohen, cofundador da Escola de Investimentos, o Fed pode já conseguir sinalizar queda nas taxas a partir de setembro, caso os dados continuem ancorados em linha com as expectativas. “São dados positivos que mostram uma desaceleração da inflação, o que é muito bom para vermos em breve uma queda nos juros nos EUA.”
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