O presidente da Argentina, Javier Milei, aproveitará o simbolismo do 9 de julho, quando se comemora o Dia da Independência do país, para lançar o seu Pacto de Maio, um acordo nacional com os governadores das províncias argentinas que pretende ser um marco na a busca da liberdade econômica. No entanto, embora tenha conquistado um forte apoio ao Pacto, o líder libertário ainda tem muitos desafios políticos a enfrentar no segundo semestre.
Para Sol Azcune, analista político da XP, o acordo é realmente um passo relevante para o governo e vai em uma direção positiva, mas o impacto não será tão relevante quanto poderia ser, principalmente porque não conta com a anuência de todos os governadores .
Além disso, chega com certo atraso, depois que o projeto de Lei Básica e o pacote fiscal enviado pelo governo demoraram seis meses para receber aprovação final no Congresso. A legislação “Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos” e o pacote de medidas fiscais, lei que declara emergência pública em questões administrativas, económicas, financeiras e energéticas durante um ano, só foram sancionados hoje pelo governo.
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“Depois desta vitória no Congresso, ele procurou dar mais um sinal e conseguir colaborações importantes com os governadores, que são atores essenciais no mapa político argentino. Não conseguiu com todos, mas conseguiu com um bom número: 18 dos 23, incluindo o prefeito da província de Buenos Aires”, destaca Azcune.
Ela considera que seria até difícil obter um número maior, tendo em vista que os demais, em geral, são filiados ao kirchnerismo ou ao peronismo mais duro. Outras figuras políticas importantes, como líderes de partidos de centro-esquerda, que conversaram com o governo no Congresso na aprovação da Lei Básica, também não deverão participar.
Um ponto importante será a presença do ex-presidente Mauricio Macri, principalmente depois que seu partido, o PRO, evitou uma fusão na semana passada com A Liberdade Avança, de Milei. Macri estava fora do país, mas confirmou presença nesta segunda-feira.
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Além da data, Milei também escolheu a dedo o local para a assinatura do Pacto, a Casa Histórica de Tucumán, onde foi emitida a Declaração de Independência da Argentina em 1816. De acordo com a programação, o evento acontecerá exatamente à meia-noite.
Passado esse gesto simbólico, os entraves políticos do país continuarão, e talvez ainda mais intensos, lembra o analista da XP. “Muitos partidos que estavam mais próximos do governo [na aprovação do megapacote] já tinham dado indicações claras de que, após a aprovação da Lei Básica, estavam a iniciar uma nova etapa, em que estavam a abandonar o governo”, afirma.
Azcune destaca que estes políticos disseram que estavam a trabalhar em conjunto porque acreditavam fortemente que a Lei e o pacote fiscal eram necessários para o progresso do país, mas que precisavam de se distanciar porque não concordavam com todas as agendas do governo.
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“Começaram a dar sinais claros sobre isso, por exemplo, no projeto que busca reajustar as pensões. Votaram na Câmara a favor deste projeto, apesar da ameaça de Milei de vetá-lo. Foi um sinal nessa direção”, lembra ela.
Até o PRO de Macri, que tem membros dentro do governo Milei, prefere aparecer como um grupo simpático ao novo governo, sem demonstrar adesão às teses do governo. Por exemplo, o Ministro Caputo [Luís Caputo, da Economia]que participou do governo Macri, não foi uma nomeação do ex-presidente, mas uma escolha de Milei, destaca Azcune.
Ela lembra que Patricia Bullrich, ex-candidata do PRO à Presidência e hoje ministra, tentou na semana passada manter a maioria do partido como base de apoio a Milei, mas foi derrotada por Macri. “Isso não significa que eles não continuarão trabalhando juntos em questões específicas. Mas principalmente na narrativa tende a haver esse distanciamento”, afirma.
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A expectativa dela é que o Congresso não permita mais avanços no segundo semestre, pelo menos até setembro, quando o Orçamento começará a ser debatido.
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