O mercado de trabalho brasileiro vive uma fase robusta de recuperação, com a força de trabalho atingindo um novo patamar em 2024, impulsionada por setores que são grandes empregadores, como construção, serviços e comércio. Assim, as taxas de desemprego estão no seu nível mais baixo em cerca de 10 anos.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) do IBGEmais 101 milhões de brasileiros ingressaram no mercado de trabalho no trimestre até maio de 2024. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 7,1, representando 7,8 milhões de desocupados no país.
Para Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, a expansão do número de empregados (formais e informais) tem impulsionado a continuidade do crescimento da população ocupada.
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“Isto mostra que diversas atividades económicas têm registado uma tendência de aumento dos seus contingentes. Além disso, há um fator sazonal no crescimento do conjunto de atividades Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais”, afirma.
O rendimento médio também cresceu na comparação anual, com alta de 5,6%, para R$ 3.181.
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“Estamos, de facto, num momento muito positivo, historicamente falando, em relação ao desemprego. O desemprego está em níveis muito baixos, muito próximos dos mínimos históricos. Isto tem sido impulsionado por um crescimento significativo do emprego”, comenta Carlos Lopes, economista do Banco BV.
Forte setor de serviços
Segundo o economista, há expectativa de arrefecimento do mercado de trabalho pela frente. Lopes explica que esse movimento deverá ser gradual nos próximos meses.
Apesar de comentar o aumento do envelhecimento da população como responsável pela redução da força de trabalho total, o economista reforça que há “bom crescimento do emprego, forte crescimento do rendimento”.
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O aumento do rendimento foi superior a 5% em termos reais e contribui para reduzir as taxas de desemprego ao longo do tempo.
Outro ponto destacado é o fortalecimento do setor de serviços a partir de um mercado de trabalho mais aquecido, como observado no pós-pandemia. A categoria foi a que mais apresentou geração de empregos no levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) com dados de maio. Dos cerca de 131,8 mil empregos criados, 69,3 mil foram no setor dos serviços.
Construção
No caso da indústria da construção e da incorporação imobiliária, os dados também são animadores. O setor foi o terceiro que mais gerou empregos nos dados de maio, segundo dados do Caged.
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Numa nota a InfoMoney, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) afirmou que as perspectivas para o setor são positivas devido a diversos fatores. “A continuidade das políticas públicas de incentivo à habitação, como o programa Minha Casa, Minha Vida, em conjunto com o Programa Acreditar, que promete impulsionar a demanda por imóveis de médio e alto padrão, deverá manter a demanda por novas unidades habitacionais em patamares elevados”, ele afirma.
Além disso, as projeções otimistas também são reforçadas pelo aumento dos níveis de vendas e pelos estoques em níveis saudáveis.
“Os números recentes reforçam a importância económica do setor e destacam o mercado imobiliário como um dos principais impulsionadores da criação de oportunidades de emprego, especialmente entre a população de menores rendimentos, por envolverem projetos de grande escala que requerem uma força de trabalho significativa”, afirma Luiz França, presidente da Abrainc.
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O setor também tem o melhor salário de entrada entre os setores da economia em maio de 2024.
“Há cinco meses consecutivos, a Construção Civil registra saldos positivos, com contratações superando as demissões, o que vem aumentando sistematicamente o seu número de trabalhadores formais”, afirmou a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, em notícias da agência CBIC.
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O dado também explica o aumento do saldo acumulado mensal e em 12 meses do segmento de Materiais de Construção no Varejo. Segundo Felipe Tavares, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o aumento significativo do segmento reflete os investimentos no setor.
“Aqui poderia ser um efeito muito grande talvez do PAC e das políticas que foram anunciadas, além de um novo aquecimento do Minha Casa Minha Vida, dos programas governamentais de fomento à construção civil. O segmento de materiais de construção responde imediatamente a isso”, explica.
A categoria lidera os dados do setor em maio, com 3.819 mil vagas abertas no saldo mensal entre admissões e demissões. Em termos anuais, fica atrás apenas do segmento de Hipermercados e Supermercados.
Varejo
O setor varejista apresentou saldo positivo em maio de 2024 na pesquisa Caged, embora na comparação com o mesmo mês do ano passado apresente desaceleração. Isto reflete tanto a maior dificuldade na obtenção de crédito (especialmente com taxas de juro mais elevadas) como a maior estabilização do mercado de trabalho.
“Agora que você está chegando a um ponto de saturação, pois já estamos vivenciando falta de mão de obra, carência em algum segmento, é natural que isso amenize e reduza esse equilíbrio, porque tem muita gente ocupada. ”, explica Tavares.
Os dados do setor também mostram impactos como a tragédia no Rio Grande do Sul. Como esperado, o estado perdeu muitos empregos e esta foi a maior queda do mês de maio.
Além disso, a paralisação do setor varejista após as enchentes derrubou os dados do segmento de vestuário, calçados e acessórios, que representou a maior queda no saldo mensal do setor.
Ao analisar o saldo acumulado, o segmento que se destaca negativamente é o de móveis e eletrodomésticos. Segundo explicação do economista, a categoria é uma das que mais sofre com juros mais altos, junto com o comércio automotivo.
Do lado positivo, os dados de hipermercados e supermercados refletem boas tendências no segmento. Em São Paulo, o setor supermercadista abriu 1,1 mil vagas nos primeiros quatro meses de 2024, segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas). A expectativa para o primeiro semestre é de abertura de 3,9 mil vagas.
Há projeção positiva de vagas de emprego da Associação Brasileira de Shopping Centers, segmento que agregou 1,062 milhão de empregos diretos em 2023.
“O setor projeta crescimento de 10% no número de empregos formais no país
próximos 5 anos, o que representa cerca de 100 mil novos empregos”, afirma Glauco Humai, presidente da Abrasce.
Segundo Humai, o aumento de vagas é impulsionado por diversos fatores, como a expansão do segmento, a recuperação econômica do país e o aumento do consumo das famílias. Além disso, o segmento investe em novos empreendimentos e na modernização dos existentes.
Pesquisa de mercado de trabalho
O mercado de trabalho pode ser acompanhado tanto pela PNAD do IBGE quanto pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), publicado pela Secretaria Especial de Seguridade Social e Trabalho. Os dois inquéritos são estatísticas do mercado de trabalho e têm natureza metodológica diferente.
A PNAD apresenta informações sobre a população ativa (e fora dela) por meio de depoimentos de entrevistados. O Caged disponibiliza dados de registros administrativos alimentados mensalmente pelos estabelecimentos.
Ambas as pesquisas são sensíveis a fatores como sazonalidade e cadastro incorreto (seja por contrato de trabalho ou declaração pessoal imprecisa).
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