O alívio da inflação de junho, antecipado pelo IPCA-15 de 0,39% anunciado hoje pelo IBGE, deve mudar a “foto” do mês para as projeções do indicador cheio, mas não altera o “filme” das variações de preços esperadas para o ano, segundo opinião de economistas.
A opinião quase geral dos especialistas é que houve boas surpresas em itens altamente voláteis, como passagens aéreas e combustíveis, mas que os riscos fiscais e cambiais permaneceram e até cresceram, além de os preços dos serviços permanecerem resilientes.
Laiz Carvalho, economista para o Brasil do BNP Paribas, disse ter observado boa composição no IPCA-15 de junho. Os dados, segundo ela, trouxeram um viés de baixa para a projeção do mês de junho, muito por conta da deflação de 9,87% nas passagens aéreas, além dos preços dos combustíveis estarem um pouco abaixo do esperado.
Continua após a publicidade
Mas isto não deverá trazer qualquer alteração às expectativas de inflação a longo prazo. “Continuamos esperando 4% para o IPCA neste ano e 4% para o próximo. E não haverá cortes nas taxas de juros em 2024.”
O economista destacou a alimentação no domicílio como ponto negativo do mês, com variação de 1,13% ante a projeção de 1,0% do BNP Paribas.
André Valério, economista sênior do Inter, comentou que, assim como ocorreu com o IPCA de maio, a aceleração da inflação em 12 meses (de 3,70% para 4,06% em um mês) reflete em parte a base fraca em relação a 2023, quando a inflação mensal foi de 0,04%.
Continua após a publicidade
Ele destacou que o núcleo médio da inflação aumentou marginalmente, de 0,31% para 0,33%, colocando a média móvel de 3 meses novamente em trajetória ascendente. “No entanto, em 12 meses o núcleo médio caiu marginalmente de 3,50% para 3,49%”, ponderou.
Ele também citou como ponto de atenção o grupo Alimentação e Bebidas, com alta de 0,98% e impacto de 0,21 ponto percentual no resultado cheio, puxado pela alimentação no domicílio, que acelerou de 0,22% em maio para 1,13%. em junho.
Em relação ao índice de difusão, que mede a amplitude do processo inflacionário, ele citou a leve variação na margem, de 55% a 57%. Ou seja, um resultado que não entusiasma nem preocupa.
Continua após a publicidade
“O processo desinflacionário indica encontrar resistência neste momento, mas sem sinais alarmantes de que esse processo será revertido no curto prazo. A inflação acumulada em 12 meses deve continuar em trajetória ascendente, chegando perto de 4,5%, teto da meta, o que tem impacto negativo pelo efeito inercial”, comentou.
Segundo Valério, a retomada dos cortes de juros em 2025 dependerá de uma melhora substancial do cenário, seja pela desaceleração do consumo com maior aperto monetário – e um corte nos gastos públicos também contribuiria positivamente – ou pela melhora do o cenário externo, via taxa de câmbio. .”
Aumento surpresa em bens duráveis
A XP analisou em relatório que as principais surpresas de queda no IPCA-15 vieram das passagens aéreas, enquanto as surpresas de alta vieram dos bens duráveis, especialmente veículos novos (0,7%). “Como esperado, a desaceleração mensal em relação a maio esteve relacionada aos itens monitorados, especialmente ajustes sazonais em produtos farmacêuticos e combustíveis”, diz o texto.
Continua após a publicidade
Foi destacado que a média trimestral anualizada dos preços industriais aumentou de 0,4% para 2%, e agora está em 0,64% na métrica de 12 meses. “Esperamos que o grupo suba 1,9% em 2024, mas a recente desvalorização cambial pressiona para cima no último trimestre e em 2025”, explicou a XP.
“Ao todo, o IPCA-15 de junho ficou mais ou menos em linha com as expectativas do mercado, considerando a queda. A nosso ver, a queda surpresa nos preços das passagens aéreas levará os economistas a reverem suas projeções para o IPCA de junho”, prevêem.
“Nossa projeção caiu de 0,33% para 0,24%, substituindo todos os itens repetidos. Por fim, nossas projeções para o IPCA permanecem em 3,7% para 2024 e 4,0% para 2025, embora vejamos um risco ascendente relacionado à recente desvalorização cambial.”
Continua após a publicidade
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, por sua vez, destacou que a inflação de serviços cresceu apenas 0,1% no mês e que esse resultado pode ser explicado, quase que inteiramente, pela queda de 9,87% nos preços das passagens aéreas, item que apresenta bastante volatilidade.
“Por outro lado, a inflação subjacente aos serviços, que é acompanhada mais de perto pelo Banco Central e exclui itens mais voláteis, como passagens aéreas, continua pressionando o índice geral. Em 12 meses, o segmento acumula alta de 4,6% e segue sem dar sinais de desaceleração”, comparou.
Ela ressaltou ainda que merece atenção a inflação dos alimentos no domicílio, que subiu 1,13%. “Esse grupo é impactado pelas chuvas no Rio Grande do Sul, já que o estado é grande produtor de grãos, como arroz, soja e milho”, explicou.
“Em nossa opinião, o mercado de trabalho aquecido deverá dificultar a desaceleração da inflação de serviços. A recente depreciação da taxa de câmbio é também outro factor que pressiona a inflação. Nossa projeção é que o IPCA feche 2024 com alta de 4,7%”, estimou.
Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, também comentou que a queda surpresa se concentrou exclusivamente nas passagens aéreas, mas que apesar da grande volatilidade nos preços deste item, isso de fato ajudará a reduzir a projeção fechada para o mês de junho, a já que esses preços são replicados no IPCA integral.
A projeção do AZ Quest gira em torno de 0,30%, ante os 0,39% anteriores.
Mesmo admitindo esse alívio na inflação de curto prazo, Barbosa afirmou que sua projeção para a inflação passou recentemente de 3,9% para 4,1%, “basicamente por conta da alimentação doméstica e de alguns itens industriais”.
Igor Cadilhac, economista do PicPay, também considerou que o IPCA-15, do ponto de vista qualitativo, veio com leitura melhor do que o esperado. Para ele, a melhora quase generalizada dos núcleos continua reforçando um cenário desinflacionário robusto no curto prazo.
Porém, a projeção para o IPCA do ano pelo PicPay também foi elevada recentemente, de 3,8% para 4,1%. “A revisão reflecte principalmente o aumento maior do que o previsto nos preços dos alimentos. Além disso, temos observado resiliência na inflação dos serviços devido a um hiato do produto mais reduzido e a aumentos salariais resultantes do baixo desemprego e da regra do salário mínimo”, explicou.
“Ao mesmo tempo, a crescente desancoragem das expectativas, os riscos fiscais e a desvalorização cambial continuam no radar”, acrescentou.
emprestimos com desconto em folha
taxas de juros consignado
simulação de consignado
quero quero emprestimo
empréstimo pessoal brb
meu empréstimo
emprestimo para negativados curitiba
picpay logo
juros emprestimo aposentado
empréstimo bb telefone
auxílio brasil empréstimo consignado
simulador emprestimo aposentado
consignado auxílio brasil
onde fazer empréstimo