Em uma década, os sindicatos brasileiros já perderam 6,2 milhões de trabalhadores filiados. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua): Características adicionais do mercado de trabalho, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em apenas um ano, 713 mil pessoas deixaram de ser sindicalizadas.
Embora o mercado de trabalho tenha atingido níveis recordes de vagas, a sindicalização continua em declínio. O número de pessoas que trabalham aumentou de 91,4 milhões em 2013 para um pico de 100,7 milhões em 2023, cerca de 9,3 milhões de empregos a mais. No entanto, o número total de pessoas associadas a sindicatos caiu de 14,6 milhões em 2013 para 8,4 milhões em 2023.
O que explica essa redução acelerada da sindicalização é a mudança na legislação trabalhista, pontuou William Kratochwill, técnico do IBGE.
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“É uma tendência que já acontecia antes e que se intensificou em 2017, que foi um ano em que a nossa legislação mudou”, lembrou Kratochwill.
A Reforma Trabalhista, entre outras medidas, eliminou em 2017 a obrigatoriedade da contribuição sindical, além de instituir a flexibilidade dos contratos de trabalho.
Entre 2017 e 2023, os sindicatos perderam 4,6 milhões de trabalhadores filiados. No mesmo período, foram abertos 9,5 milhões de novos empregos.
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A sindicalização atingiu apenas 8,4% dos ocupados em 2023, o menor nível da série histórica iniciada em 2012, quando 16,1% dos ocupados eram sindicalizados. Todas as grandes regiões registaram uma redução na taxa de sindicalização em pouco mais de uma década. A maior queda face a 2012 ocorreu no Sul (-10,8 pontos percentuais). Em 2023, as Regiões Norte (6,9%) e Centro-Oeste (7,3%) apresentavam as menores proporções de trabalhadores sindicalizados, enquanto as maiores eram as do Sul (9,4%) e Nordeste (9,5%). No Sudeste, 7,9% dos ocupados eram sindicalizados.
A maior taxa de sindicalização em 2023 foi a dos trabalhadores do setor público (18,3%), seguida pelos trabalhadores auxiliares familiares (10,4%) e pelos trabalhadores com carteira assinada no setor privado (10,1%). As categorias com menor filiação sindical foram as empregadas no setor privado sem carteira assinada (3,7%) e as trabalhadoras domésticas (2,0%).
Em relação a 2012, as maiores quedas na taxa de sindicalização ocorreram nos grupos transporte, armazenagem e correio, com -12,9 pontos percentuais (de 20,7% para 7,8%), indústria geral, com -11. 0 pontos percentuais (de 21,3% para 10,3%), e administração pública, defesa, segurança social, educação, saúde humana e serviços sociais, com -10,1 pontos percentuais (de 24,5% para 14,4%). A taxa também diminuiu na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, “que historicamente tem grande participação dos sindicatos de trabalhadores rurais”, caindo de 22,8% em 2012 para 15,0% em 2023.
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Nível de instrução
Em relação ao nível de escolaridade dos trabalhadores, os mais escolarizados mantinham a maior escolaridade: 13,5% dos ocupados com ensino superior completo eram sindicalizados em 2023. Em 2012, porém, a proporção de sindicalizados nesse grupo de escolaridade era de 28,3%.
“O grupo com ensino superior mantém a maior taxa de sindicalização, porém, esta também diminuiu”, destacou Kratochwill.
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A menor taxa de sindicalização em 2023 foi a dos ocupados com ensino fundamental completo e ensino médio incompleto, 5,4%, menos da metade da proporção de sindicalizados ocupados observada em 2012, quando era de 11,1%.
A proporção de sindicalizados entre os homens era de 8,5% em 2023, enquanto entre as mulheres essa taxa de sindicalização era de 8,2%.
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