O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), minimizou, em entrevista ao CNNa derrubada pelo Congresso do veto presidencial ao projeto que restringe as “saidinhas”, como são conhecidas as libertações temporárias de presos.
“Se o ministro da articulação política fosse o presidente da Câmara (Arthur Lira, do PP-AL) e o líder do governo no Congresso fosse o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG, chefe do Senado), duvido que conseguissem faça (mantenha os vetos)”, afirmou.
Randolfe fez a afirmação em entrevista ao Meio-dia Brasil (segunda a sexta, às 12h), nesta quinta (30). Para o dirigente, a derrubada de vetos que vão contra a agenda da direita conservadora “é a realidade que temos”.
“O povo brasileiro escolheu um Congresso mais conservador”, declarou, destacando, porém, que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “não tem do que reclamar” ao Legislativo em relação às agendas sobre a economia e Sociais.
“Todos os temas que interessavam ao governo do ponto de vista orçamentário e econômico, quando foram para apreciação do Congresso Nacional, os vetos foram mantidos”, afirmou Randolfe.
Além das “sayinhas”, o Congresso derrubou veto de Lula à proibição de verbas federais para ações relacionadas ao aborto e manteve um, dado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que impede punições para disseminadores de desinformação.
Por outro lado, o Legislativo, na mesma sessão conjunta, realizada nesta terça-feira (28), manteve um veto presidencial que dispensa o Palácio do Planalto de cumprir cronograma de pagamento de emendas parlamentares.
“Escolha pessoal”
Randolfe disse ainda que, na articulação política com o Congresso, o presidente Lula exerce uma “escolha pessoal e confiável” em relação a nomes para cargos e que o presidente não abre mão disso.
“O governo anterior, por exemplo, não fez essa escolha: delegou ao Congresso Nacional a arte de governar”, disse Randolfe, referindo-se ao governo de Jair Bolsonaro.
Com Lula, os petistas Rui Costa e Alexandre Padilha comandam a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais – recriada pelo atual governo. Com Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) assumiu o primeiro cargo em 2021, após a eleição de Lira na Câmara.
“Esse governo se preocupa com o samba-enredo, com o conteúdo do governo: melhorar a vida das pessoas, manter o desemprego em patamar mais baixo…”, afirmou Randolfe, elencando ações da atual administração federal nas áreas econômica e social.
Novamente comparando Lula a Bolsonaro, Randolfe cutucou, dizendo que “houve um tempo em que a preocupação do governo era se preocupar com as ‘motocicletas’ ao visitar as cidades e ‘passar gado’ em relação ao meio ambiente”.
“Esta foi uma época em que o governo delegou as relações políticas: não se preocupou com a relação com o Congresso e se preocupou mais com alegorias”, disse. “Este governo tem articulação política, e articulação política é o artigo segundo da Constituição”, declarou.
O artigo segundo da Constituição Federal, inserido sob o título “Princípios fundamentais”, descreve que os “Poderes da União” – a saber: Legislativo, Executivo e Judiciário – são “independentes e harmoniosos entre si”.
VÍDEO: Randolfe: Lula não delega “arte de governar” ao Congresso
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