Luís Cláudio Barreto recebeu com emoção o chamado do Ministério de Minas e Energia (MME) para ir ao Rio Grande do Sul ajudar a restaurar a energia elétrica no estado, assolado por chuvas e enchentes há mais de um mês.
“Fiquei muito animado em fazer parte dessa ação. Entendemos que é uma tarefa humanitária. Toda a equipe estava muito motivada no embarque, sendo o próprio ministro [Alexandre Silveira, do MME] nos dando força”, disse ele.
Técnico de campo da Light, distribuidora de energia do Rio de Janeiro, Luis embarcou na Base Aérea do Galeão, no dia 21, ao lado de mais de uma centena de especialistas em redes subterrâneas. A tarefa atribuída a eles era devolver a luz ao estado.
A rede subterrânea de Porto Alegre e região metropolitana — arena dos profissionais que viajaram ao estado — conta com mais de 500 quilômetros de cabos e 300 transformadores instalados. Os consumidores desta região são atendidos principalmente pelas distribuidoras CPFL e Equatorial.
Também viajaram para o Rio Grande do Sul funcionários de outras distribuidoras, além de outros 4 mil profissionais que já atuavam no estado naquela época. Os especialistas devem, em tese, realizar testes e reparos em cabos e equipamentos, mas, na prática, os desafios vão além.
Com 25 anos de experiência na Light, Luis não hesita quando afirma: “Nunca vi nada assim”. Quando não há metros de muro de água impedindo o avanço dos profissionais, quilômetros de lama, entulho e lixo deixados pelas enchentes são obstáculos à obra, relata o técnico.
Além disso, às vezes, danos ao equipamento impossibilitam o reparo e é necessária a substituição total dos dispositivos. Isso se deve à pressão que as paredes de água, que em alguns casos ultrapassam os cinco metros de altura, exercem sobre o equipamento.
“É uma coluna de água enorme, completamente fora do comum, muito alta. A pressão nos equipamentos é muito forte”, explica.
O trabalho dos especialistas começa às 6h, cedo para aproveitar ao máximo a luz do dia. Quando o sol se põe, os eletricistas se retiram, mas não param: reúnem-se à noite para planejar as estratégias do dia seguinte.
No início da tragédia, 570 mil unidades ficaram sem energia, afetando cerca de 2 milhões de pessoas. Até terça-feira (28), a energia havia sido restaurada para 470 mil pontos. Cerca de 100 mil permanecem no escuro quando o sol se põe.
O ministro Alexandre Silveira, chefe da força-tarefa, explicou em entrevista ao CNN que os profissionais dependem da vazante da água para restabelecer as demais unidades. “É preciso ter acesso a esses pontos, mas com segurança. Esse processo é naturalmente mais lento”, explicou.
“À medida que a água baixar, avançaremos na recuperação da rede. Viemos ajudar as pessoas, vemos que é desafiador, que é um trabalho muito grande, mas viemos prestar essa ajuda humanitária. A energia elétrica é essencial”, acrescenta Luis, que mora no Rio Grande do Sul.
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