O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu mais uma vez nesta quarta-feira (29) que o novo sistema de câmeras corporais da Polícia Militar atende às orientações do Ministério da Justiça e pode reduzir gastos com armazenamento de imagens e consumo de bateria.
A mudança no programa prevê que os equipamentos sejam acionados pelos policiais envolvidos nas ocorrências ou remotamente, pondo fim à gravação ininterrupta.
“Consome mais bateria e registra muita coisa que não interessa à investigação judicial”, disse Tarcísio sobre o modelo atual. “Você está gastando dinheiro para armazenar todo esse material de imagem que no final das contas é inútil. Você tem 5% de registro operacional e 95% que não serve para muita coisa.”
De acordo com as diretrizes para uso de câmeras em uniformes policiais estabelecidas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública nesta terça-feira (28), os equipamentos devem preferencialmente ser acionados de forma automática e gravar ininterruptamente, mas deixam espaço para acionamento remoto. pelas autoridades ou pelo próprio policial em serviço — nesses casos, possibilitando a escolha do momento de início e término da gravação.
Atualmente, as câmeras utilizadas pela Polícia Militar de São Paulo funcionam com gravação ininterrupta, mas o governo divulgou na semana passada um edital para contratação de novos equipamentos com as outras duas funcionalidades. A decisão foi questionada por especialistas, que apontaram que a possibilidade de os policiais decidirem quando ligar e desligar as câmeras teria efeitos negativos no controle do uso da força aplicada pelos agentes em incidentes.
“A orientação do Ministério da Justiça permite que o Estado escolha a forma de atuação. Pode ser ininterrupto, pode ser acionado por um agente ou sistema. As três possibilidades estão na diretriz do Ministério da Justiça. Não temos interesse em omitir nada, temos interesse em aumentar a segurança dos cidadãos”, defendeu Tarcísio.
Os estados são livres para definir suas próprias diretrizes, mas devem seguir as regras federais caso queiram financiar a compra de equipamentos com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública ou do Fundo Penitenciário.
Orientações do Ministério da Justiça para uso de câmeras policiais
Modelos de acionamento:
- automático, quando: a) o registro inicia-se a partir do momento da retirada do equipamento da base até sua devolução, registrando todo o turno de serviço; ou b) a gravação esteja configurada para responder a determinadas ações, eventos, sinais específicos ou geolocalização;
- por ativação remota: quando a gravação é iniciada, ocasionalmente, através do sistema, após decisão da autoridade competente ou se determinada situação exigir o procedimento; ou
- pelos próprios integrantes dos órgãos de segurança pública para preservar sua intimidade ou privacidade durante os intervalos e pausas de trabalho.
Situações em que os equipamentos não podem ser desligados pelos agentes:
- Na resposta a incidentes;
- Em atividades que exijam atuação manifesta, seja ordinária, extraordinária ou especializada;
- Na identificação e verificação de ativos;
- Durante buscas pessoais, veiculares ou domiciliares;
- Através de ações operacionais, inclusive aquelas envolvendo manifestações, controle de distúrbios civis, interdições ou reintegrações de posse;
- No cumprimento de ordens de autoridades policiais ou judiciais e de ordens judiciais;
- Em perícia externa;
- Nas atividades de fiscalização e fiscalização técnica;
- Nas ações de busca, salvamento e salvamento;
- Ao escoltar prisioneiros;
- Em todas as interações entre policiais e reclusos, dentro ou fora do ambiente prisional;
- Durante as rotinas prisionais, incluindo atendimento a visitantes e advogados;
- Nas intervenções e resolução de crises, motins e rebeliões no sistema prisional;
- Em situações de oposição à ação policial, potencial confronto ou uso de força física;
- Em acidentes de trânsito;
- No patrulhamento preventivo e ostensivo ou na execução de medidas rotineiras em que ocorram ou possam ocorrer prisões, atos de violência, lesões corporais ou mortes.
Compartilhar: