As taxas do DI fecharam a quarta-feira, 29, com altas de mais de 20 pontos-base na maioria dos vencimentos, impulsionadas pelo aumento constante dos rendimentos do Tesouro e pelos dados positivos de emprego e renda do Brasil que levaram os investidores a aumentar as apostas de que o Banco Central não cortará mais o Taxa Selic e que o próximo movimento poderá ser de aumento da taxa básica, e não de redução.
No final da tarde, a taxa DI (Depósito Interbancário) de janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,425%, ante 10,368% do reajuste anterior.
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A taxa DI para janeiro de 2026 foi de 10,87%, ante 10,674% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,24%, ante 11,002%. A taxa para janeiro de 2028 foi de 11,545%, ante 11,3%, e o contrato para janeiro de 2031 foi de 11,94%, ante 11,715%.
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A forte subida das taxas de juro futuras foi influenciada por factores externos e internos. Nos EUA, os rendimentos do Tesouro a dez anos — uma referência de investimento global — atingiram o seu nível mais elevado em quatro semanas, no meio de movimentos técnicos e com os investidores ainda cautelosos quanto ao início dos cortes das taxas de juro por parte da Reserva Federal.
No Brasil, uma série de dados mostrou que o mercado de trabalho continua forte – o que preocupou o Banco Central.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pela manhã pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostrou que o Brasil abriu 240.033 vagas formais de emprego em abril, acima das expectativas dos economistas destacadas em pesquisa da Reuters, de criação líquido de 216.948 empregos.
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O rendimento também cresceu, com o salário médio real (descontado a inflação) de ingresso subindo 1,77% em abril em relação a março, para R$ 2.126,16.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que a taxa de desemprego caiu de 7,6% no trimestre encerrado em janeiro para 7,5% nos três meses encerrados em abril. É o menor desemprego neste período desde 2014, quando a taxa era de 7,2%. Os analistas esperavam que o desemprego fosse maior, em 7,7%.
Os números do mercado de trabalho, embora positivos, reforçaram as preocupações de que o aumento da renda poderia pressionar a inflação, o que reduziria ainda mais o espaço do BC para cortar a taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
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“É a história de que ‘boas notícias são más notícias’”, comentou Lais Costa, analista da Empiricus Research. “A inflação salarial voltou a apertar, o que tem incomodado o BC na questão de serviços, e a taxa de desemprego é a menor dos últimos dez anos.”
Em sua última reunião de política monetária, no início do mês, o BC reduziu o ritmo de cortes da Selic, de 50 para 25 pontos-base, e não se comprometeu com novos cortes nas taxas, considerando o cenário de maior incerteza.
Na ata da reunião, o BC destacou o “alto dinamismo” do mercado de trabalho e citou o debate sobre a possível transmissão desse aperto do mercado aos salários e aos preços, mas também o entendimento de que não há evidências conclusivas sobre o seu impacto inflacionário.
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Nesta quarta-feira, porém, a leitura dos investidores foi de que o mercado de trabalho aquecido é, na verdade, um obstáculo para o controle da inflação.
Na esteira dos números dos Treasuries e do mercado de trabalho, a taxa DI de janeiro de 2028, uma das mais líquidas, atingiu pico de 11,575% às 14h32, alta de 28 pontos-base em relação ao ajuste anterior. Todos os contratos a partir de janeiro de 2026 oscilaram com um aumento de mais de 20 pontos base.
“O mercado está precificando que talvez não haja mais espaço para o BC reduzir ainda mais os juros e que o próximo ciclo poderá ser de alta e não de baixa”, resumiu Costa, da Empiricus.
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O analista chamou a atenção para o fato de que a inflação implícita nos ativos de mercado já aponta para um aumento de preços superior a 4% no próximo ano — mais próximo do teto de 4,5% da meta de inflação do BC do que do centro da meta. de 3%.
Nesse cenário, as apostas em novos cortes da Selic são eliminadas e a curva passa a precificar a possibilidade de aumento da taxa básica mais adiante.
Perto do fechamento desta quarta-feira, a precificação da curva a termo indicava 87% de chance de manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano em junho, contra 13% de probabilidade de corte de 25 pontos-base. Para a reunião de novembro do BC, a curva já precificava a taxa Selic em alta de 28 pontos-base.
O feriado brasileiro de quinta-feira, quando o mercado permanecerá aberto nos EUA, também manteve os investidores mais cautelosos no Brasil.
No exterior, os rendimentos continuaram a subir de forma constante no final da tarde.
Às 16h39, o rendimento do Tesouro de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 7 pontos base, para 4,614%.