Um grupo de empresas interessadas em expandir o transporte urbano com veículos eletrificados no Brasil ampliou os objetivos após ter desempenho melhor que o esperado desde o lançamento em 2022, disse o líder da iniciativa, 99, nesta quarta-feira (29).
A aliança – que inclui empresas como a distribuidora de combustíveis Raízen, a locadora de veículos Movida e a montadora chinesa BYD – previa atingir 10 mil carros elétricos conectados ao aplicativo de transporte urbano 99 até o final do próximo ano, até 2022.
Mas, diante dos números até agora, o grupo dobrou o volume para 20 mil.
“Hoje somos mais rápidos do que imaginávamos. A meta era 3.500 este ano e agora estamos em 4.100. Revisamos para 8 mil este ano e 20 mil no ano que vem”, disse Thiago Hipólito, diretor sênior de inovação da 99, em entrevista à Reuters.
A empresa, controlada pela chinesa Didi, não revelou o investimento específico feito pelo grupo, denominado Aliança para Mobilidade Sustentável, mas Hipólito afirmou que nos últimos dois anos a parceria injetou R$ 245 milhões na iniciativa.
Considerando o investimento total da 99 em inovação, incluindo outros projetos, o programa prevê R$ 250 milhões em três anos a partir de 2022.
O aumento da meta ocorre num momento em que o Brasil se tornou o maior mercado da China para carros elétricos e híbridos, ultrapassando a Bélgica.
Em abril, as exportações da China de carros elétricos e híbridos plug-in para o Brasil aumentaram 13 vezes em relação ao ano anterior, para 40.163 unidades, tornando o país o maior mercado para as montadoras chinesas pelo segundo mês consecutivo, segundo dados da China Passenger Car. Associação (CPCA).
Em janeiro, o Brasil era o décimo maior mercado de exportação para carros eletrificados chineses.
O governo federal elevou o imposto de importação desses veículos em um processo gradual que durará até meados de 2026, quando o imposto chegará a 35%.
Segundo Hipólito, o aumento de impostos não será problema para a aliança. “Para fugir do Imposto de Importação, teremos uma fábrica local”, disse o executivo, referindo-se aos centros de produção da BYD na Bahia e da GWM em São Paulo.
“Nosso nicho é mais ‘low end’, então se enquadra na produção local a partir deste ano. Achávamos que o imposto poderia ser um problema, mas com a evolução das estratégias e da tecnologia não será”, acrescentou Hipólito, mencionando a queda nos preços dos veículos elétricos desde 2022 e maior disponibilidade de modelos no país.
No lançamento da aliança, em 2022, o grupo teve dificuldade em encontrar 50 motoristas de aplicativo dispostos a alugar o modelo elétrico Leaf, da Nissan, que custava quase R$ 300 mil.
“Hoje o número de carros [elétricos] cresceu mais rápido do que imaginávamos”, disse Hipólito. O alcance do Leaf não chegava a 200 quilômetros, comparado aos mais de 300 quilômetros de um BYD Dolphin, que custa menos.
A aliança 99 está trazendo mais carros elétricos da BYD. Serão importadas 200 unidades Dolphin e disponibilizadas para locação aos motoristas de aplicativo por meio da parceria da aliança com o grupo brasileiro Osten, disse o executivo.
Hipólito evitou citar números da operação, mas o principal objetivo da 99 no incentivo aos carros elétricos é engajar os motoristas com a plataforma. “O envolvimento nesta indústria custa muito dinheiro”, disse ele. “É a nossa principal métrica.”
Segundo ele, um carro elétrico para motorista de aplicativo reduz em 80% os custos operacionais em comparação a um modelo a combustão.
Além dos carros da parceria com Osten, a 99 incluiu o braço de aluguel de veículos elétricos da Renault no Brasil, a Mobilize, na aliança, que também disponibilizará neste ano 100 Leafs e 100 Kwid compactos para motoristas de aplicativo, disse.
Hipólito afirmou que a 99 cobra comissão máxima de 19,99% ao mês dos motoristas, mas no caso de quem dirige o modelo Dolphin Mini, a empresa reduziu a taxa para 9,99%, também como forma de incentivar a adoção de carros elétricos. na plataforma.
“A elétrica para algumas situações [como motorista de aplicativo] é mais eficiente. O motorista dirige em uma área 100% urbana e não necessita de viagens longas”, disse o executivo ao ser questionado sobre a meta de 10 mil postos de recarga até 2025 no Brasil, mantida pela aliança.
“Portanto, concentrar a infraestrutura de carregamento numa área relativamente pequena resolve o problema.”
No Brasil, o principal rival da 99 é a norte-americana Uber.
Motocicletas elétricas
Além de dobrar a meta de carros elétricos na plataforma 99, a aliança também anunciou a inclusão de motocicletas eletrificadas para mototáxis na iniciativa, em parceria com duas montadoras nacionais, Vammo e Riba.
A 99 também incluiu no grupo o aplicativo de entrega de comida iFood, disse o executivo.
“A 99Moto é o negócio do setor que mais cresceu no Brasil nos últimos dois ou três anos. Somos líderes absolutos no segmento com 3.300 cidades cadastradas. Tem um potencial de crescimento muito grande”, afirmou.
A inclusão das motocicletas só agora ocorre devido à evolução da tecnologia.
Há dois anos não existiam no Brasil modelos com autonomia capaz de levar um passageiro até um serviço de mototáxi, disse o executivo, citando que o mototaxista pode economizar R$ 600 por mês com uma moto elétrica em comparação com uma com motor a combustão .
“Eles dirigem 5.000 quilômetros por mês”, disse ele.
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