Após acordo entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os deputados determinaram nesta terça-feira, 28, um imposto de importação de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50.
A medida foi aprovada no projeto de lei que regulamenta o Programa Verde de Mobilidade e Inovação (Mover), que foi aprovado em plenário e irá ao Senado após análise dos destaques (tentativas de alterações no texto base). Após semanas de impasse, a votação foi simbólica, como forma de os parlamentares não transigirem em um tema polêmico.
O imposto de 20% sobre o comércio eletrônico estrangeiro, que atinge sites asiáticos como Shein e Shopee, é um “meio termo” e substituiu a ideia inicial de aplicar uma taxa de 60% sobre mercadorias que vêm do exterior e custam até US$ 50. . O percentual será de 60% para produtos mais caros. Além disso, há um limite de US$ 3 mil para remessas, segundo opinião do relator, deputado Átila Lira (PP-PI).
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Tributar as chamadas “compras” é uma exigência do varejo nacional, que vê concorrência desleal com a isenção para empresas estrangeiras, já que atualmente são cobrados apenas 17% de ICMS no comércio eletrônico internacional. A medida contou com o apoio de Lira. O PT, porém, temia que a medida impactasse negativamente a popularidade de Lula. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, também inicialmente se posicionou contra a tributação.
Em agosto do ano passado, o governo federal lançou o programa Remessa Compliance, que isentou de impostos de importação as compras internacionais abaixo de US$ 50 feitas por pessoas físicas no Brasil e enviadas por pessoas jurídicas ao exterior. Para isso, as empresas precisavam se cadastrar na Receita Federal, numa espécie de plano de compliance que regularizava essas transações.
Empresas como Shein, Shopee, AliExpress, Mercado Livre e Amazon aderiram voluntariamente à certificação e passaram a informar a Receita sobre as vendas enviadas ao país. Com a aprovação do projeto, porém, essa isenção ensejará a arrecadação de 20% do imposto de importação, que será somado aos 17% do ICMS.
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Na visão do Bradesco BBI, a notícia é positiva para os players locais do vestuário, como Lojas Renner (LREN3), Guararapes (GUAR3) e C&A (CEAB3) e deve trazer algum alívio competitivo às operadoras nacionais de vestuário após 10 meses desde a entrada em vigor do programa Shipping As estabelecido com uma igualdade tributária desequilibrada no setor de vestuário brasileiro em favor de players estrangeiros para itens até US$ 50. “O imposto de importação proposto de 20% está abaixo da demanda do setor local (60%), mas temos a percepção de que o mercado estava geralmente cético em relação ao imposto adicional (e, portanto, não precificando qualquer aumento de imposto), especialmente considerando a política do governo. posição de ser consistentemente contra ou adiar o tão discutido imposto intermediário”, avalia o banco.
De acordo com o último rastreador de preços da instituição financeira, mesmo um hipotético imposto de importação adicional de 60% não seria suficiente para tornar os preços dos players locais competitivos com os da Shein.
“Também é verdade, porém, que o ímpeto da Shein no Brasil parece ter esfriado desde o 2S23 [segundo semestre de 2023] e o imposto incremental de 20% a partir de agora poderá representar um problema adicional e ser, até certo ponto, um golpe para a competitividade da Shein no Brasil”, avaliam os analistas.
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A aprovação da tributação também ocorre em meio a atualizações sobre a chegada do Temu ao Brasil, já que a plataforma foi cadastrada na Remessa Conforte e um aplicativo/site já está disponível em português. Embora o cronograma ainda seja incerto, a XP acredita que a plataforma deverá replicar no Brasil seu modelo de expansão nos Estados Unidos, apoiada em pesados investimentos em marketing, crescimento acelerado da base de usuários e atração de vendedores locais.
“No geral, vemos empresas de comércio eletrônico e varejistas de renda média como os mais expostos ao risco Temu, enquanto acreditamos que a retração das plataformas chinesas nos EUA poderia impulsionar ainda mais investimentos no Brasil”, avalia a equipe de análise da casa, que também avaliou que as discussões sobre a tributação das compras internacionais e a adesão à Remessa Conformo poderiam limitar a agressividade dos investimentos da plataforma.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)