O vice-procurador-geral da República, Nicolao Dino, tomou posse nesta segunda-feira (27) como titular da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC). Em discurso, defendeu um exame rigoroso do modelo de escola cívico-militar adotado pelos estados e falou em “promover a responsabilidade” daqueles que buscavam “colher” a democracia.
“A adoção de modelos educacionais denominados cívico-militares, ora em curso em alguns estados da federação, precisa ser rigorosamente escrutinada, partindo da premissa indelével de que a educação para a democracia implica a formação de pessoas livres, seres pensantes, que valorizem a diversidade e o promoção de espaços plurais e críticos”, afirmou.
O discurso sobre o modelo cívico-militar de ensino foi feito logo após Nicolao defender a garantia de espaços plurais na educação, citando o educador e escritor Anísio Teixeira.
Nicolao é irmão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que participou de sua posse, realizada na sede da Procuradoria-Geral da República.
Também participaram Paulo Gonet (Procurador-Geral da República) e Silvio Almeida (Ministro dos Direitos Humanos).
Nicolao Dino disse estar empenhado em garantir o “pleno funcionamento” e a conclusão dos trabalhos da comissão especial sobre mortes políticas e desaparecidos, que considerou um mecanismo “essencial” para implementar a justiça transicional no Brasil.
O objetivo da comissão era reconhecer pessoas que morreram ou desapareceram em decorrência de suas atividades políticas, como durante a ditadura militar. Foi extinto no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
“Democracia significa garantir, e até prevenir, o direito à memória e à verdade, e também promover a responsabilidade daqueles que procuraram colhe-lo no contexto de regimes autoritários, repressivos ou negacionistas, em que resultaram graves violações dos direitos humanos”, disse ele. declarado. Nicolau.
O novo chefe do PFDC também mencionou as enchentes no Rio Grande do Sul em seu discurso, relacionando os acontecimentos às mudanças no clima e aos “desenvolvimentos da ação humana”.
“Não há dúvida de que os pobres, os segmentos sociais mais desfavorecidos e vulneráveis, os povos indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais, as mulheres, as crianças e os idosos, são todos os que mais sofrem com as consequências nefastas dos desastres climáticos”, afirmou. afirmou.
“Injustiça socioambiental e racismo ambiental andam de mãos dadas”.
PFDC
Nicolao Dino foi eleito para o cargo no dia 14 de maio pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF).
Ele foi nomeado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet e assume o cargo no lugar do vice-procurador-geral da República, Carlos Alberto Vilhena, que comandou o PFDC entre 2020 e 2024.
Em seu discurso de despedida, Vilhena destacou o período que passou à frente da entidade. Ele citou, por exemplo, ações durante a pandemia da Covid-19, as eleições de 2022 e a “tentativa de golpe” de 8 de janeiro de 2023.
O PFDC coordena no MPF áreas relacionadas aos direitos dos cidadãos, como combate ao racismo, reforma agrária e prevenção à tortura.
É comum, por exemplo, que o PFDC envie cartas aos governos recomendando melhorias na eficácia dos direitos dos cidadãos.
No passado, o órgão já trabalhou para exigir que o poder público implementasse políticas de prevenção de desastres ambientais, como o que assola o Rio Grande do Sul.
Compartilhar: