O conselho universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicou na semana passada uma carta aberta em que expõe a situação “insustentável” da instituição.
O texto diz que a universidade “respira em suporte de vida” e pede ajuda ao governo para que a instituição possa “recuperar seu lugar de motor intelectual do Rio de Janeiro”.
“Sucessivos reitores têm feito um esforço monumental para manter a universidade aberta no contexto de um inexorável processo de degradação da sua infraestrutura, mas os sucessivos colapsos na Escola de Educação Física e Desportos mostram que estamos ‘respirando em aparelhos’”, afirma a carta .
Os autores do texto dizem “reconhecer” que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “iniciou um processo de recomposição orçamentária de
universidades, mas no caso da UFRJ está muito aquém das necessidades e não cobre nem remotamente os passivos ocorridos nos últimos anos”.
“Convocamos não apenas o governo federal, mas também outras esferas governamentais, as empresas e a sociedade como um todo para apoiar a UFRJ e restaurar seu lugar como o
motor intelectual do Rio de Janeiro”, acrescenta.
Atualmente, a universidade atende 60 mil alunos de graduação e 15 mil alunos de pós-graduação. “Somos responsáveis por manter parte da história e da memória do país: temos edifícios da Colônia, do Império e da República. No entanto, a instituição enfrenta um prolongado processo de subfinanciamento que deteriorou a sua infraestrutura e causou vários problemas de manutenção”, prossegue a carta.
“A comunidade acadêmica da UFRJ sempre se mobilizou em defesa de um governo que valorize a educação pública. Em momentos críticos da história recente, quando enfrentámos tentativas de governos antidemocráticos de sufocar as universidades públicas, foi a mobilização da comunidade científica que se destacou na linha da frente. Estamos conscientes dos desafios que o governo enfrenta e estamos preocupados com a manutenção do Estado de direito, pois não desejamos o regresso de forças políticas hostis à educação.”
“Finalmente, é imprescindível que o Ministério da Educação e demais órgãos responsáveis pelo financiamento da UFRJ respondam de forma clara e honesta sobre o projeto do governo para a maior universidade federal do Brasil”, finaliza o texto.
Após a publicação da carta, os estudantes da UFRJ aprovaram, em assembleia, uma greve marcada para começar no dia 11 de junho.
(Com informações de Júlia Farias e Maria Clara Alcântara)
Compartilhar: