Poucos produtos têm uma história tão forte e duradoura na cultura e na economia brasileira como o café.
O grão, comemorado no Dia Nacional do Café nesta sexta-feira (24), tem raízes no país há quase 300 anos.
E, apesar de não ter o peso que teve do século XIX até a década de 1930, hoje encontra espaço para crescer tanto no consumo quanto nas exportações.
Alimento mais consumido no país, por cerca de 78% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020, o café viu seu consumo crescer 37% nos últimos 20 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro Associação da Indústria do Café (Abic).
Entre os motivos desse avanço, segundo Celírio Inácio da Silva, diretor-executivo da Abic, estão a curiosidade do consumidor em experimentar diferentes selos de grãos, dada a diversidade presente no mercado brasileiro, e o fato do ingrediente entrar cada vez mais cedo. na vida da população.
Antes, o café entrava na vida da pessoa junto com o trabalho, diz Inácio. Hoje, com a “moda das cafeterias”, esse consumo começa muito mais cedo.
“O público mais jovem gosta de conhecer e frequentar essas cafeterias”, afirma.
Nos primeiros quatro meses deste ano, o consumo de café aumentou 0,16% no país. Só na comparação entre abril de 2024 e o anterior, o aumento foi de 9,2%.
“O crescimento nos quatro meses se deveu ao café de maior qualidade. Diferentes selos, origens e produções despertam a curiosidade das pessoas”, pontuou Inácio.
Segundo estimativas da Abic, são consumidas 1.430 xícaras por habitante por ano no Brasil. É como se uma pessoa bebesse 4 xícaras por dia.
Vale ressaltar que o país possui 35 regiões produtoras de café espalhadas por 17 estados. Nos mais de 100 municípios que abrigam a produção, são distribuídas cerca de 300 mil plantações. 7 em cada 10 dessas propriedades são de agricultura familiar.
Juntas, essas regiões foram responsáveis pela produção de cerca de 55,1 milhões de sacas de café em 2023, um aumento de 8,2% em relação a 2022, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A produção brasileira é mais que o dobro da do segundo colocado, o Vietnã, se olharmos os dados coletados pelo Serviço Agrícola Estrangeiro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
A expectativa da Conab para este ano é que a colheita brasileira cresça 6,8% em relação a 2023, para 58,81 milhões de sacas.
Maior exportador do mundo
A diversificação dos grãos brasileiros é o que explica, segundo o diretor executivo Abic, o fato do país ser o maior exportador de grãos do mundo.
Em 2023, o país vendeu mais de 39,2 milhões de sacas para outros países, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), disponíveis na ferramenta Comex Stat, as exportações de café do país totalizaram pouco mais de 8 mil milhões de dólares no ano.
300 anos de história
O café foi introduzido no Brasil em 1727, mas foi no século XIX que amadureceu e ganhou peso na economia nacional. O chamado “ciclo do café” durou cerca de 100 anos, indo do início da década de 1800 até o final da década de 1920, e sendo a raiz que sustentou a riqueza do país desde o Império brasileiro até o início da República.
A industrialização, a urbanização e a construção de ferrovias concentraram-se em torno do café nesse período. “Sempre teve muito peso para a economia”, diz Inácio da Silva, da Abic.
Apesar de não ter hoje o mesmo papel fundamental de antes – depois que a crise de 1929 afetou as exportações de grãos, levando ao grande incêndio de 1930 e consequentemente à diversificação da produção brasileira – o café continua a impulsionar a economia brasileira.
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