No dia 2 de junho, o México realizará suas eleições presidenciais, que culminarão com a primeira mulher presidente ocupando o Palácio Nacional. A ex-prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, e a ex-senadora Xóchitl Gálvez lideram as pesquisas de intenção de voto.
As pesquisas mostram vantagem para Claudia Sheinbaum, candidata de Andrés Manuel López Obrador, popularmente conhecido como AMLO.
Os olhos do mercado estarão voltados para a disputa.
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O Morgan Stanley destaca que a eleição chama a atenção porque o México está em uma posição estratégica em meio à reorganização da cadeia de abastecimento global. A reforma no segmento das infra-estruturas após as eleições poderia melhorar materialmente a proximidade, com austeridade fiscal. “A alternativa [negativa] poderia estar duplicando o limbo energético e a derrapagem fiscal”, aponta a equipe de estrategistas do banco.
No ano passado, vale destacar, o México ultrapassou a China e tornou-se o maior parceiro comercial dos Estados Unidos, em decorrência da proximidade – deslocar a produção para um local mais próximo de onde a mercadoria é vendida, para reduzir custos e dificuldades logísticas. O movimento envolvendo o México começou em 2018, mas cresceu mesmo após a pandemia. O nearshoring poderia ajudar o México a adicionar mais 3% ao seu PIB nos próximos cinco anos, de acordo com cálculos da Deloitte.
Para o Morgan Stanley, o cenário mais provável pressupõe que sejam feitas mudanças políticas marginais mas positivas para enfrentar os crescentes desafios fiscais e infra-estruturais. Para preparar o caminho, o cenário de dinâmica de reformas envolveria parcerias público-privadas que libertariam despesas governamentais e permitiriam reformas do lado da oferta. “Também acompanharemos as eleições para o Congresso, principalmente em termos de política energética e fiscal”, avalia o banco.
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“Esperamos que o mercado se concentre diretamente nas decisões políticas que poderão ser tomadas por uma nova administração. O México beneficiou dos seus fortes laços com os EUA e do potencial de proximidade. No entanto, são necessárias reformas significativas para tirar pleno partido desta situação. Na verdade, diríamos que reformas estruturais rápidas e profundas são cruciais para evitar uma ladeira escorregadia quando se trata do sector energético, tanto da electricidade como do petróleo e gás, e do sector fiscal”, reitera o banco.
Neste cenário, o banco vê catalisadores positivos para o mercado de ações do país, mas menos para o peso mexicano. “Achamos que as eleições podem funcionar como um catalisador para ativos com valorizações baratas. No entanto, exige, em primeiro lugar, que os decisores políticos (…) permitam uma parceria mais forte entre o sector público e o sector privado e uma reformulação do modelo de concessão e de electricidade do país. Ao resolver os desafios do lado da oferta, o México poderia aumentar ainda mais os seus benefícios de proximidade. Em segundo lugar, o compromisso com a política fiscal é fundamental”, avalia a equipe.
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Para Morgan, mesmo num cenário de continuidade política, ele ainda vê uma forte valorização nas ações em geral e especialmente nas ações da Pemex, petrolífera estatal do México, vendo-as como atrativas. Morgan tem projeção para o MexBol (índice de referência da Bolsa de Valores Mexicana) de 65 mil pontos, alta de 17% em relação ao fechamento de sexta-feira, e o coloca como um dos mercados preferenciais da América Latina ao lado do Brasil.
Entretanto, no mercado cambial, o peso mexicano já beneficiou do seu estatuto altamente correlacionado com a economia dos EUA, com a avaliação a parecer cara com base em diversas métricas. “À medida que a economia dos EUA desacelera de forma mais acentuada nos próximos 12 meses e o transportar comércio diminui, esperamos um ajuste em relação aos níveis atuais”, ressalta. O peso mexicano, vale ressaltar, atingiu em abril deste ano o maior nível frente ao dólar desde 2015.