Ó Coríntios Continua quente nos bastidores devido às polêmicas em torno do contrato de patrocínio da VaideBet. Na última sexta-feira, o clube teve que lidar com as demissões do diretor jurídico do clube, Yun Ki Lee, e do vice-diretor jurídico, Fernando Perino. Entenda alguns dos motivos que levaram à saída dos profissionais.
Para tentar administrar a crise instalada no clube com a situação das negociações feitas com o patrocinador máster do Corinthians, o diretor jurídico propôs algumas medidas ao presidente Augusto Melo. Entre eles, Yun Ki Lee sugeriu que o clube contratasse uma empresa externa especializada para investigar o caso, além do afastamento dos dois diretores envolvidos no negócio – Sérgio Moura, superintendente de marketing, e Marcelo Mariano, diretor administrativo – enquanto a investigação estava em andamento. .
Na quinta-feira, Sérgio Moura pediu afastamento do cargo por tempo indeterminado. O publicitário havia sido questionado pelos polêmicos acordos na gestão de Augusto Melo. O presidente, aliás, vinha sendo pressionado para demitir o profissional, que alegou estar sofrendo ameaças e decidiu se afastar para responder às denúncias na Justiça. Marcelo Mariano, porém, permanece no cargo.
Outra medida sugerida por Yun Ki Lee foi que a empresa Rede Social Media Design LTDA, vista como intermediária no negócio, se apresentasse e prestasse esclarecimentos sobre a negociação. Esta semana, o jornalista Juca Kfouri informou que a empresa em questão transferiu parte do valor recebido a título de comissão para uma empresa “laranja”, denominada Neoway Soluções Integradas em Serviços LTDA.
Como suas sugestões não foram atendidas pelo presidente Augusto Melo, Yun Ki Lee entendeu que não faria mais sentido chefiar o departamento se não pudesse ajudar, desta forma, na gestão do Corinthians. Sua partida aconteceu de forma pacífica. O funcionário enviou uma carta a Augusto Melo, informando de sua saída, e agora continuará exercendo apenas a função de conselheiro do clube. O Timão ainda não definiu se terá substituto para o cargo.
Lee deixa, portanto, o cargo que assumiu em janeiro, no início da gestão de Augusto Melo. Fazendo parte da chapa 55 (Paixão Corinthiana), foi eleito vereador trienal na última eleição para o Conselho Deliberativo, no final de novembro.
Por fim, o Corinthians também se despediu do subdiretor de juniores, Fabrício Vicentim, que desistiu do cargo alegando questões pessoais. Ainda assim, Augusto Melo ficou quase sem Rozallah Santoro e Fernando Alba, diretor financeiro e vice-diretor financeiro. Ambos até cogitaram deixar o clube, mas concordaram em continuar após reunião com o dirigente.
Entenda a polêmica envolvendo o patrocínio da VaideBet
O contrato de patrocínio entre Corinthians e VaideBet foi assinado no início deste ano, no valor de R$ 370 milhões e válido por três anos. A caução prevê o pagamento de multa de 10% do valor total restante em caso de rescisão sem justa causa.
As dúvidas sobre o acordo com a casa de apostas incomodaram torcedores e integrantes do Conselho Deliberativo do time do Parque São Jorge. Recentemente, um grupo formado por 84 conselheiros protocolou requerimento junto a Romeu Tuma Júnior, presidente do órgão, com o objetivo de convocar reunião extraordinária para que Augusto Melo e seus pares apresentem documentos e prestem esclarecimentos sobre este e outros contratos firmados pelo clube em 2024.
No aplicativo, que Gazeta Esportiva teve acesso, os conselheiros afirmam que o presidente do clube, Augusto Melo, negou “categoricamente” a existência de empresa intermediária durante reunião na sala do CORI (Conselho Orientador) com a presença de Andrés Sanchez, André Luiz de Oliveira, Ademir Carvalho Benedito, Antônio Rachid, Mathias Antonio Romano e Jorge Kalil.
O texto aponta uma contradição, considerando que o Gazeta Esportiva informou, com exclusividade, que o Timão se comprometeu a pagar R$ 25,2 milhões a um intermediário. A empresa que recebeu o direito à comissão tem como sócio-diretor Alex Cassundé, que integrou o grupo de campanha de Augusto Melo durante o período eleitoral do clube, por recomendação de Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do Corinthians.
Os conselheiros questionam ainda outros pontos do acordo com a VaideBet, como o fato de o contrato não ter passado pelo sistema de compliance do clube e de a empresa citada como intermediária, a Rede Social Media Design LTDA, não ter realizado a atividade e ter sido não regularizado para oferecer tal serviço, como também revela o Gazeta Esportiva.
Artigo publicado pelo jornalista Juca Kfouri na última segunda-feira foi noticiado que a Rede Social Media Design LTDA transferiu parte do valor recebido em comissão para uma empresa ‘laranja’, chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços LTDA. Seria em nome de Edna Oliveira dos Santos, mulher residente na cidade de Peruíbe, Litoral Sul de São Paulo, que nem saberia de sua existência.
O Corinthians, por sua vez, se pronunciou por meio de nota oficial e destacou que “todas as negociações, inclusive os patrocínios, ocorreram de forma legal com empresas regularmente constituídas”. O clube destacou que ‘não se responsabiliza por qualquer transferência de recursos a terceiros’ e que ‘caso sejam apresentados quaisquer indícios de atos ilícitos, estes serão discutidos com o Conselho Deliberativo para quaisquer providências necessárias’.
Na última sexta-feira, o VaideBet se pronunciou sobre as recentes polêmicas envolvendo a parceria e confirmou que, desde abril, vem cobrando esclarecimentos da diretoria corintiana, além de realizar uma reunião presencial na sede do clube. A casa de apostas também comunicou ao clube a sua insatisfação com as notícias publicadas nos últimos dias.
A empresa também confirmou a presença de um intermediário no acordo, mas não divulgou seu nome. Insatisfeita, a VaideBet afirma que “avaliará os próximos passos” e não descarta rescindir o contrato de patrocínio caso a situação persista.