Na véspera da inauguração Bronzeado Em dezembro de 2015, pairava no ar o medo de definir qual seria o conceito do restaurante, no auge da minha ansiedade.
Aparentemente parece ser muito simples definir um tema e montar uma narrativa para conceituar e promover um lugar, porém, não considero que seja tão simples.
Certa vez, um amigo me disse que o conceito do local era o mais importante para o negócio, pois basicamente poderia definir o roteiro de um grupo de clientes caso não se apresentasse com clareza. Não apenas concordo, mas também vivi ocasiões que refletem esta afirmação.
De vez em quando, me vejo em debates com amigos para decidir onde será a bebida e, em meio a palpites e sugestões, a escolha costuma ser o local que tem a proposta de conceito mais clara. Neste caso, o conceito realmente importa.
Num mundo onde os bares aspirantes a prémios internacionais muitas vezes se sentem obrigados a ter narrativas apelativas e claras para realizarem a sua campanha, vemos conceitos que vão desde a exploração da criatividade como tema, até narrativas que apresentam o bar como uma suposta embaixada da sua país. Isto parece-me muito perigoso, pois estas narrativas podem projectar os seus representantes como porta-vozes de uma nação por sua própria vontade, o que considero um pouco presunçoso. Isso nos leva a uma segunda questão: O conceito está alinhado com o que é servido?
A resposta é assunto para outro texto, mas continuamos com a pergunta inicial: afinal, isso realmente importa para o cliente? Alguns podem dizer que o que realmente importa é a qualidade do que é servido, mas todos sabemos que locais “hípicos” muitas vezes apresentam produtos e serviços de qualidade questionável.
Por isso, ouso dizer que a resposta à pergunta em questão é subjetiva, principalmente quando serve para nos ajudar a entender se determinado local é ou será um local de sucesso.
Acredito particularmente que o conceito e a narrativa nos orientam para sabermos com mais clareza qual a mensagem que o local ou a persona que o representa quer transmitir. Muitas vezes, isso é essencial para entrar em sintonia com as expectativas daquilo que as pessoas procuram, o que pode ser decisivo para uma experiência esplêndida ou drasticamente frustrante.
*Os textos publicados por Insiders e Colunistas não refletem necessariamente a opinião da CNN Viagem & Gastronomia.
Quem é Thiago Bañares
Bañares, formado em gastronomia pela FMU (SP), foi considerado pelo ranking “Bar Mundo 100”, organizado pela publicação líder Drinks International, uma das 100 pessoas mais influentes na indústria global de bares. Seu restaurante/bar Tan Tan aparece – pela terceira vez consecutiva – na lista dos melhores bares do mundo pela “Os 50 melhores bares do mundo”; dirige o também premiado Kotori, considerado o 65º melhor restaurante da América Latina pela “50º Melhores Prêmios do Mundo”; e é responsável pelo intimista The Liquor Store, local que prima pela conexão entre cliente e bartender e entrega coquetéis preparados com excelência.
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