Os herdeiros de Diego Armando Maradona pediram que fosse interrompida a venda, prevista para junho, de uma Bola de Ouro obtida pelo craque argentino em 1986, como melhor jogador da Copa do Mundo do México e com uma história complexa.
A casa de leilões Aguttes pretende vender, no dia 6 de junho, este troféu que a lendária estrela recebeu durante uma cerimónia no teatro musical “Lido” naquele ano e, cuja existência terá sido descoberta por um antiquário.
Segundo os cinco herdeiros, o prêmio foi roubado em 1989, durante um assalto a banco em Nápoles, cidade italiana que venera o jogador argentino, falecido em novembro de 2020. Os advogados dos herdeiros, que descobriram a venda que deveria ocorrer em Neuilly-sur-Seine, uma área nobre dos subúrbios de Paris, há algumas semanas, recorreram à justiça para recuperar o prémio.
“A família quer recuperar esta bola, o povo argentino quer recuperar esta bola”, disse Lola Chunet, uma das advogadas da família, do lado de fora do tribunal em Nanterre, a oeste da capital.
No entanto, os advogados da casa de leilões e o vendedor do troféu questionam a história do roubo e garantem que a família de Maradona nunca apresentou provas de uma possível acusação.
“Tentar, 35 anos depois de um suposto roubo, recuperar bens sem nunca apresentar queixa é uma abordagem oportunista que a justiça não pode tolerar”, declarou Arthur Gaulier, advogado de Aguttes.
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— Copa do Mundo FIFA (@fifaworldcup_pt) 21 de maio de 2024
Em comunicado, Maximilien Aguttes, diretor da casa de leilões, recordou que uma das “lendas” que circulam sobre este troféu afirma que Maradona o tinha esquecido no “Lido” na noite da cerimónia de entrega dos prémios.
O antigo galerista e antiquário diz que o adquiriu em leilão em 2016, “no mesmo lote de sucata” composto por centenas de troféus, a maioria deles de pouco valor, explicou Aguttes.
“Ele deu um lance de oito lotes e comprou por 500 euros (cerca de R$ 2,8 mil na cotação atual), sem contar despesas”, explicou a advogada do vendedor, Marine Le Bihan. Mais tarde, seu cliente percebeu que um dos troféus poderia ser de Maradona.
Durante as investigações para comprovar a autenticidade desta “Bola de Ouro”, o antiquário contactou um dos advogados do astro argentino, garantiu Le Bihan.
A decisão do tribunal de Nanterre sobre o recurso urgente apresentado pela família será conhecida no dia 30 de maio. O tribunal deve decidir se a venda pode ocorrer ou se o mérito da questão precisa ser examinado.
O Ministério Público confirmou ao AFP que uma denúncia foi apresentada paralelamente à jurisdição criminal.
O troféu que Diego Armando Maradona recebeu em 1986 não tem relação com a Bola de Ouro, concedida pela revista futebol frança, para o melhor jogador do ano.