Com o Tesouro IPCA+ oferecendo juros reais de 6% ao ano, fica difícil olhar para outros ativos fora da renda fixa atrelados à inflação. Foi o que reconheceu Artur Wichmann, CIO da XP, no primeiro programa da nova temporada de Selecionadores de açõesque foi ao ar na noite de quinta-feira (23) – confira a programação completa no vídeo acima.
Para o especialista, poucos ativos superarão a remuneração que a renda fixa oferece hoje, o que pesa na contramão da alocação na Bolsa, por exemplo. Ele considera que não é impossível que uma ação ultrapasse essa remuneração, mas, diante do cenário atual, é preciso escolher melhor os ativos: “não é fácil para o conjunto de ativos na Bolsa vencer o IPCA + 6% ”.
O chefe de investimentos da XP diz que a alta taxa de juros real “é reflexo do risco do Brasil” e, portanto, “todos os ativos brasileiros estão baratos”. E um dos principais fatores para o aumento da percepção de risco no cenário local foi a comunicação “confusa” do Banco Central na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Continua após a publicidade
Além da decisão dividida do grupo, a ata da reunião não deixou claro ao mercado os rumos da política monetária no Brasil, o que aumentou a incerteza sobre a economia brasileira. Ele enfatizou a diferença entre risco e incerteza na economia: “você pode precificar o risco, a incerteza não; você não sabe quanto risco precisa colocar no prêmio.”
Embora entender o Brasil já seja uma tarefa complicada para os brasileiros, os investidores estrangeiros, muito importantes para o mercado de capitais local, têm preocupações com a nossa economia: “eles precisam de uma equipe inteira dedicada ao Brasil”, brinca Wichmann.
Continua após a publicidade
A diferença entre risco e incerteza é importante para entender, por exemplo, a decisão de Luis Stuhlberger, CEO e CIO da Verde Asset Management, que reconhece a atratividade do IPCA + 6%, mas, mesmo assim, zerou posições em títulos públicos de inflação .
Assim como Stuhlberger, Wichmann gosta da alocação em prefixos curtos. “Hoje a curva de juros precifica a chance de um novo corte de 25 pontos-base na Selic, uma parada e depois uma retomada do ciclo de alta, talvez até em 2024, mas não é assim que funciona a política monetária e isso só aconteceria depois um choque muito grande e um erro grande, mas se é um choque e seria uma surpresa, então como podemos prever isso”, explicou.