O relator do projeto de lei que regulamenta o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), deputado federal Átila Lira (PP-PI), negocia uma alíquota menor para tributar compras internacionais de até US$ 50, medida incluída no texto que prevê incentivos para o setor automotivo. Ainda sem acordo sobre comércio eletrônico, a votação foi mais uma vez adiada.
Pela proposta incluída no Mover, a tributação seria de 60% sobre todos os produtos importados. Uma opção, apresentada pelo presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), deputado Joaquim Passarinho (PL-PA)imporia alíquota de 45% de Imposto de Importação às empresas cadastradas no Remessa Compliance, programa criado pela Receita Federal para aumentar o controle sobre empresas estrangeiras comércio eletrônico.
Baixe uma lista de 11 ações Small Caps que, na opinião de especialistas, têm potencial de crescimento nos próximos meses e anos
Continua após a publicidade
Na quarta-feira (22), o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE)enviou uma mensagem para alertar os deputados da base que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permanece contra o fim da isenção para compras internacionais de até US$ 50.
“Prezados amigos, informo que a prioridade do governo no plenário de hoje (quarta-feira) é a votação e aprovação do PL do Mover (PL 914/2024). Informo também que o presidente Lula me orientou a votar contra a taxação de compras internacionais de até 50 dólares por meio do comércio eletrônico”, diz a mensagem enviada por Guimarães aos grupos de WhatsApp, obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo.
A taxação de compras internacionais de até US$ 50, que impacta sites asiáticos como Shein e Shopee, é defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Apesar de rivais, PT e PL trabalharam juntos para derrubar a medida por meio de destaques após a votação do texto principal do Mover.
Continua após a publicidade
Na terça-feira (21), Lira citou uma pesquisa segundo a qual a maioria dos consumidores de sites asiáticos que seriam afetados pelo fim da isenção para compras no exterior de até US$ 50 são de classe alta. O deputado alagoano destacou ainda que o varejo brasileiro quer “igualdade” com as empresas estrangeiras.
“Tivemos acesso a pesquisa do FSB, de um instituto, que mostra que quase 60% dos consumidores dessas empresas são das classes A e B”, disse Lira aos jornalistas.
“Então, tem que pesar na balança a manutenção dos empregos, a indústria nacional, a concorrência com as empresas nacionais, que não pedem isenção, pedem igualdade. Os dirigentes decidirão tudo isso com o relator”, completou.
Continua após a publicidade
Segundo o presidente da Câmara, o Mover “dificilmente” será votado sem a medida que trata de compras internacionais de até US$ 50. Na semana passada, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também é ministro da Indústria, defendeu a separação dos textos, pedida pelo PT.
Pressão do varejo
Na semana passada, retalhistas e empresas do setor têxtil nacional prepararam um manifesto de apoio à medida. Nos bastidores, empresas brasileiras chegaram a ameaçar transferir sua produção para o Paraguai se as plataformas estrangeiras não fossem tributadas.
No manifesto, os retalhistas afirmam que a não tributação das compras de pequeno valor em sites asiáticos está a causar uma “absoluta falta de igualdade fiscal”, uma vez que os produtores nacionais pagam impostos perto de 90% e os produtos importados são tributados apenas em 17%. . % ICMS.
Continua após a publicidade
Em abril de 2023, o Ministério da Fazenda anunciou o fim da isenção do imposto de importação para transações entre pessoas físicas, utilizada por plataformas internacionais para evitar o pagamento de impostos – apesar de serem pessoas jurídicas, essas empresas faziam parecer que o processo de compra e venda ocorria entre pessoas físicas.
Porém, o Palácio do Planalto recuou na decisão, após repercussão negativa nas redes sociais e apelo da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja.
Com o assunto de volta à pauta, o partido de Lula ficou do lado do Centrão e defendeu que a medida fosse retirada do projeto Mover. Inicialmente, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o Planalto não se posicionaria, mas acabou mudando a orientação a pedido do próprio presidente da República.
Continua após a publicidade
Os petistas queriam promover outro projeto, relatado pelo deputado Paulo Guedes (PT-MG), que trata do mesmo assunto e está parado no CFT. De forma mais branda, o texto do parlamentar mantém a isenção para produtos abaixo de US$ 50, estipula alíquota de importação de 40% para itens entre US$ 50 e US$ 100 e de 60% para itens acima de US$ 100.