Os principais índices de ações das bolsas norte-americanas de Wall Street vêm, nos últimos dias, batendo seus máximos históricos — ou pelo menos operando próximos de seus recordes. Diante de cenários como esses, algumas questões começam a surgir. Até que ponto esse progresso será mantido? Existe otimismo exagerado?
Com a perspetiva de que, em algum momento do segundo semestre, a Reserva Federal inicie o ciclo de redução das taxas de juro, é natural antecipar este movimento de flexibilização monetária, que incentiva o investimento em ativos de risco.
Assim, nos últimos dias, o índice Dow Jones atingiu os 40 mil pontos e, na véspera, o Nasdaq atingiu o quarto recorde de fecho em seis sessões. O mesmo aconteceu com o S&P 500, com novos máximos históricos.
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Na abertura do pregão desta quarta-feira (22), as bolsas americanas abriram próximas da estabilidade, com o Dow Jones aos 39.848 pontos; o S&P500, em 5.317 pontos; e o Nasdaq, com 16.831 pontos.
Principalmente na abertura deste pregão, os investidores evitam assumir posições antes da divulgação da última ata do Fomc (no meio da tarde), que poderia trazer pistas, exatamente, sobre os próximos passos do Fed em relação aos juros. Os investidores ainda estão atentos ao balanço da Nvidia, atual “queridinha” de Wall Street.
Wall Street: mercados de ações de NY em níveis recordes
Paulo Gitz, estrategista global da XP Investimentos, explica, primeiramente, que os aumentos podem ser atribuídos a fatores micro e macroeconômicos.
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Do lado macro, segundo ele, os dados da atividade econômica nos EUA começaram a desacelerar. “Num cenário em que a política monetária se encontra num nível restritivo, este menor crescimento alimenta as expectativas do mercado para cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal”, contextualiza.
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O mercado hoje, lembra ele, prevê dois cortes de juros este ano, com grandes chances de que o primeiro ocorra em setembro.
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Há algumas semanas, antes da publicação de dados como a inflação ao consumidor (IPC) e as vendas no varejo de abril, porém, a visão era mais pessimista.
Bolsas americanas caras?
Para o futuro, no que diz respeito à continuidade do movimento, os analistas estão divididos. Paulo Gitz, por exemplo, é um daqueles que prega certa cautela.
“Isso se deve ao avaliação esticado, com o S&P 500, por exemplo, negociado a 20x Preço/Lucro e as estimativas muito otimistas de crescimento dos lucros para os próximos trimestres em meio a uma economia que dá sinais de desaceleração”, afirma.
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Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, por sua vez, menciona ver espaço para novos aumentos, de olho, principalmente, na redução de juros.
“A perspectiva de corte nas taxas de juros americanas sinaliza o início de um novo ciclo ascendente para o mercado acionário. A tendência é que aos poucos, em busca de maiores retornos, haja um reequilíbrio das carteiras dos investidores. O capital antes aplicado em renda fixa começa a migrar gradativamente para renda variável, alimentando ainda mais a alta das ações”, comenta.
Qualquer pessoa que esteja de olho no mercado de ações americano, quando a perspectiva de um corte nas taxas de juros se materializar, poderá precisar ficar de olho na relação entre preço e lucros e no fluxo de entradas de capital nas bolsas de valores.
Maior interesse, mas resultados sólidos
Taxas de juros mais altas costumam piorar o desempenho das bolsas, com os investidores preferindo a renda fixa e também pelo fato de piorarem as perspectivas de lucro das empresas, com menor consumo e piores despesas financeiras.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, explica que neste ano a correlação entre taxas e resultados diminuiu.
“Quando a curva de juros sobe, como vimos no ano passado até outubro, o mercado acionário sofre. Mas quando as taxas de juro começaram a cair, como no final de 2023, o mercado de ações avançou. Este ano, essa correlação disparou um pouco. O cerne disto, na minha opinião, é o crescimento económico.”
Neste ponto, a visão dos analistas é que, apesar da projeção da taxa de juros continuar pior do que a observada no final de 2023, o micro vai bem.
Algumas empresas não estão sentindo os níveis tarifários mais restritivos e continuam publicando bons resultados, em grande parte devido às entregas operacionais.
“Se olharmos os resultados das empresas, a maioria atendeu às expectativas. Cerca de 70% das empresas atenderam ou superaram as expectativas de receita neste primeiro trimestre e 83% superaram as expectativas de lucro”, explica.
Em parte, as grandes empresas se beneficiam de fatores como o aumento de escala da inteligência artificial, que vem gerando diversas expectativas no mercado, principalmente em relação à produtividade.
Quando se olha para empresas menores, porém, há uma discrepância. O Russell 2000, índice que engloba mais ações de versaletesé possível perceber que está mais de 10% abaixo do seu máximo histórico.
“A temporada de resultados corporativos do primeiro trimestre, mais uma vez, foi uma surpresa. O lucro por ação do S&P 500 cresceu cerca de 6% ano após ano. Este é o terceiro trimestre consecutivo de crescimento”, debate Gitz.