O Senado aprovou, nesta terça-feira (21), projeto de lei que estabelece a vacinação de crianças em escolas públicas (PL 826/2019). O texto, do deputado Domingos Sávio (PL-MG)foi relatado pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI) e aprovado sem alterações, como parte de um acordo para que não precisasse retornar à Câmara. A proposta segue para sanção presidencial.
Com o objetivo de ampliar a cobertura vacinal da população, o projeto cria o Programa Nacional de Vacinação nas Escolas Públicas. O programa determina que todos os anos, após o início da campanha de vacinação contra a gripe, as equipes de saúde locais se desloquem às escolas públicas para vacinar as crianças matriculadas nos ensinos infantil e fundamental, oferecendo as vacinas previstas para cada idade.
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De acordo com o texto aprovado, as escolas e unidades de saúde deverão anunciar antecipadamente as datas em que ocorrerá a campanha, orientando os alunos a trazerem o cartão de vacinação. As instituições privadas que desejarem podem aderir ao programa, embora não seja obrigatório para elas. O projeto prevê que crianças, jovens e adultos da comunidade também possam ser vacinados, caso haja vacinas disponíveis.
“Por que nas escolas? Porque facilita a vida de todos. As crianças frequentam a escola todos os dias. É o lugar mais adequado e apropriado. Então a escola entra em contato com o posto de saúde, informa a quantidade de alunos que tem na pré-escola, jardim de infância e ensino fundamental, a unidade de saúde marca junto com a escola a data, comunica aos pais com cinco dias de antecedência e , nesse dia, a equipa de saúde fará depois a vacinação nas escolas”, explicou Castro, ex-ministro da Saúde.
Após a campanha, os responsáveis pelas crianças que não foram vacinadas em suas escolas terão 30 dias para levá-las às unidades de saúde para serem imunizadas. Após esse período, as equipes de saúde poderão realizar visitas domiciliares às famílias para conscientizá-las sobre a importância da imunização. O relator destacou que o projeto não impõe vacinação obrigatória.
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Acordo
O acordo para aprovação mais rápida do projeto, sem que ele retorne à Câmara, incluiu a retirada de uma emenda que havia sido incluída no texto durante a tramitação na comissão. A alteração excluiu do projeto um artigo segundo o qual, após a campanha, as escolas teriam até cinco dias para enviar à unidade de saúde a lista dos alunos que não foram vacinados, com informações sobre seus responsáveis e endereços.
O senador Dr. Hiran (PP-RR), autor da emenda, afirmou que essa obrigação representaria uma violação da autonomia dos pais e poderia levar à discriminação de estudantes não vacinados, além de resultar em evasão escolar. Com o acordo, o texto foi aprovado sem a alteração —ou seja, este artigo foi mantido, mas será retirado por veto do presidente da República.
“Queremos implementar o calendário e isso depende de aprovação. Estou me comprometendo aqui com o veto. Portanto, o acordo feito será mantido na sanção”, afirmou o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA).
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Apesar do acordo para vetar o trecho, senadores da oposição tentaram bloquear a retirada da emenda. Para Damares Alves (Republicanos-DF), o trecho em discussão atribui muita responsabilidade às escolas.
“As famílias brasileiras não querem que seja obrigatório e as escolas também não querem. Estamos assumindo muitas responsabilidades com a escola, com nosso professor, com nosso coordenador educacional. A cada dia esse Parlamento cria mais responsabilidade para a escola”, criticou o senador.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou que o trecho em discussão é “muito forte” e que há uma parcela da população que não quer se vacinar e que precisa ter seu posicionamento respeitado.
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O líder da oposição, senador Rogério Marinho (PL-RN), disse ter motivos para não confiar no governo. Em resposta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, lembrou que, durante sua presidência no Senado, nunca houve descumprimento por parte da Presidência da República de acordo que incluía o veto de trechos pactuados com parlamentares.
Risco
Para a senadora Zenaide Maia (PSD-RN), a vacinação nas escolas já é uma realidade na prática, porque facilita a vida dos pais. Muitas escolas solicitam campanhas porque os pais não podem levar os filhos para se vacinar no horário de expediente, afirmou o senador, que é médico. Ela lembrou ainda que não é a escola quem vacina as crianças e que as equipes de saúde fornecem tudo o que é necessário.
Tanto ela quanto o relator lembraram que a diminuição da cobertura levou ao reaparecimento de doenças como o sarampo. Segundo Marcelo Castro, em 2016, o Brasil havia recebido o título de país livre do sarampo da Organização Mundial da Saúde e, devido à diminuição da cobertura vacinal, o país perdeu esse título.
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“O sarampo, infelizmente, voltou a circular em nosso meio. E o Brasil hoje não é mais um país livre do sarampo. Estou citando um exemplo notável do quanto avançamos e do quanto regredimos”, disse o senador, destacando que a vacinação é um ato coletivo, em benefício de toda a população.