Em decisão unânime, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encerrou, na noite desta terça-feira (21), um longo processo que tinha como alvo o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Numa derrota para PT e PL, que apresentaram ações pedindo a cassação do mandato do senador, a Justiça Eleitoral, por 7 votos a 0, rejeitou as acusações e absolveu o ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública.
Com a decisão do TSE, Moro escapa do impeachment e mantém mandato no Senado Federal. Foi eleito no pleito de 2022, pelo estado do Paraná, com 1,9 milhão de votos, e tem mandato até 2030.
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A Justiça Eleitoral analisou uma ação movida pela federação formada por PT, PCdoB e PV e outra pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O senador foi acusado de abuso de poder econômico, caixa dois e uso indevido de mídia durante a campanha eleitoral de 2022. As ações previam a cassação do mandato parlamentar do ex-juiz, sua inelegibilidade por 8 anos e a realização de nova eleição para o Senado no Paraná.
No final de 2021, Moro ingressou no Podemos e foi cogitado como possível candidato do partido à Presidência da República. Em março de 2022, a 7 meses das eleições, o ex-juiz deixou o partido e migrou para o União Brasil, como pré-candidato ao Senado por São Paulo. Em junho, após ter a mudança de domicílio eleitoral vetada pela Justiça, anunciou sua candidatura a um cargo senatorial no Paraná.
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O TSE é composto por sete membros: Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Nunes Marques, Raul Araújo Filho, Maria Isabel Diniz Gallotti Rodrigues, André Ramos Tavares e Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto (relator do caso Moro). Assim como no TRE-PR, foi necessária maioria simples de votos para condenar ou absolver o senador.
Após vencer a primeira batalha e ser absolvido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Moro teve que enfrentar um novo julgamento, seguindo os recursos interpostos pelo Ministério Público. Na primeira sessão, na semana passada, o julgamento foi suspenso logo após a leitura do parecer do ministro Floriano de Azevedo Marques, relator do caso.
Relator votou pela absolvição de Moro
O relator do caso no TSE, ministro Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto, afirmou, ao ler seu voto, que não foram caracterizados os crimes eleitorais apontados pelas denúncias apresentadas pelos advogados do PT e do PL.
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Em relação aos gastos de campanha de Moro em 2022, o relator avaliou que “parecem censuráveis, principalmente por candidatos que comprometeram a bandeira da moralidade com a política”, mas não constituem prática ilegal. “É preciso haver provas, e provas robustas”, disse Floriano.
O entendimento do relator foi acompanhado pelos ministros André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Nunes Marques, Raul Araújo Filho, Maria Isabel Diniz Gallotti Rodrigues e pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, confirmando a decisão unânime do tribunal.
“Evidências completas” eram necessárias, diz Moraes
Em seu voto, o último do julgamento, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, afirmou que não foi possível cassar o mandato de Moro porque faltavam “provas completas” de irregularidades.
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“Para a cassação de mandatos, a Justiça Eleitoral exige provas completas. São decisões graves que afastam pessoas dos mandatos concedidos pelo eleitorado”, disse Moraes.
“O tribunal tem sido extremamente rigoroso em todas as análises, seja indeferindo ou deferindo cassação de registro, cassação de mandato, inelegibilidade, exigindo comprovação completa. E aqui não existe essa prova”, concluiu o presidente do tribunal eleitoral.
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Eleição suplementar no Paraná foi alternativa
Caso Moro tivesse o mandato cassado no TSE, seria convocada uma eleição suplementar para o Senado do Paraná. O possível candidato ocuparia o cargo deixado por Moro até 2030.
Entre os potenciais candidatos à vaga estavam a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o deputado federal Zeca Dirceu (também do PT), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o ex-senador Álvaro Dias (Podemos) e o deputada federal Rosângela Moro (União Brasil), esposa de Moro, que transferiu o título eleitoral para o Paraná no início de março.
Como foi o julgamento no TRE-PR
No mês passado, o TRE-PR absolveu Moro, por 5 votos a 2, das acusações de abuso de poder econômico, caixa dois e uso indevido de mídia na campanha eleitoral de 2022. A sessão final do julgamento, no dia 9 de abril, durou quase 7 horas. A análise do caso começou no dia 1º de abril e foi interrompida três vezes por pedidos de revisão (mais tempo para análise do processo).
Assim como aconteceu no TSE, o relator do processo, desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, se posicionou contra a perda do mandato do parlamentar. Ele estava acompanhado dos desembargadores Claudia Cristina Cristofani, Guilherme Frederico Hernandes Denz e Anderson Ricardo Fogaça e do presidente do tribunal, Sigurd Roberto Bengtsson.
Os votos favoráveis à revogação foram de José Rodrigo Sade e Julio Jacob Júnior – ambos indicados ao tribunal pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ministério Público Eleitoral foi contra o impeachment de Moro
Em parecer assinado pelo vice-procurador-geral eleitoral, Alexandre Espinosa, o Ministério Público Eleitoral (EMA) se manifestou pela rejeição dos recursos apresentados contra a absolvição de Sergio Moro.
Segundo a entidade, não houve “provas claras e convincentes” que demonstrassem que Moro violou as regras eleitorais. Na opinião de Espinosa, a desistência do ex-juiz da Lava Jato de concorrer à Presidência da República em 2022 foi mais “um claro fracasso em seus objetivos políticos do que uma estratégia pensada para lançar-se apenas como candidato a senador do estado do Paraná” .