Em decisão unânime, por 5 votos a 0, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réu o deputado federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto por suposta invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A denúncia apresentada ao Supremo pela Procuradoria-Geral da República (PGR) foi acatada, nesta terça-feira (21), por unanimidade. Com isso, ambos os réus respondem agora ao caso na Justiça. Ainda não há data para o julgamento.
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“Não há dúvida de que a denúncia inicial expôs, de forma clara e compreensível, todos os requisitos necessários ao pleno exercício do direito de defesa e recebimento da denúncia”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.
O magistrado estava acompanhado dos outros quatro membros da Primeira Turma do Tribunal: os ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.
Em linhas gerais, o que decidiram os ministros da Primeira Turma do STF é que, no caso envolvendo Zambelli e Delgatti, há elementos que justificam a instauração de ação penal. Ainda não se trata de uma análise de mérito, que só ocorrerá durante o julgamento.
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Em nota, o advogado Daniel Bialski, que defende Zambelli, informou que irá recorrer ao plenário do STF para tentar reverter a decisão.
“A deputada não cometeu qualquer ilegalidade e confia no reconhecimento da sua inocência porque a própria investigação criminal demonstrou não existirem elementos com os quais tenha contribuído, concordado e/ou tomado conhecimento dos atos praticados”, afirma o advogado.
O que a Polícia Federal apontou nas investigações?
De acordo com o relatório da Polícia Federal (PF) sobre as investigações, enviado à PGR e que respaldou o entendimento da Primeira Turma do STF, Zambelli e Delgatti cometeram reiteradamente os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
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Segundo a investigação, foram inseridos documentos falsos no sistema eletrônico interno do Judiciário, incluindo uma ordem de prisão falsa contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Segundo a reportagem, o hacker foi “instigado pelo parlamentar a acessar o sistema do CNJ, com o objetivo de prejudicar a imagem do Judiciário e de um ministro do STF […]tanto que [Zambelli] recebeu os documentos que comprovam as intrusões no sistema e a inserção de documentos falsos.”
“Embora não se possa atribuir à deputada Carla Zambelli a inserção das carteiras falsas e de outros crimes cometidos por Walter, sua conduta de instigar a invasão do sistema CNJ colocou em risco um Poder da República, o Judiciário, bem como a imagem do Legislativo Poder, sendo incompatível com a atividade parlamentar, notadamente pela forma de atuação e pela gravidade do risco”, afirma a PF.
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Em 2022, Carla Zambelli foi a segunda deputada federal mais votada do estado de São Paulo, com quase 1 milhão de votos, conquistando seu segundo mandato na Câmara. Ela já havia sido eleita nas eleições de 2018.