Em entrevista exclusiva com CNN Na manhã desta segunda-feira (20), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que alguns municípios gaúchos terão que ser “realocados” após as chuvas históricas que atingiram o estado entre o final de abril e mês de maio deste ano.
“[Alguns] Alguns dos municípios terão de ser realocados para locais mais seguros, onde possam ser tomadas medidas para proteger as cidades, como diques ou dragagem do rio”, disse o governador. “Ou seja, tudo o que puder ser protegido para evitar que esse fenômeno volte a acontecer. Tudo isso está sendo organizado em conjunto com as ações de restauração dos serviços.
Leite, porém, não detalhou quais municípios teriam que ser realocados e como seria feito esse procedimento. Porém, o governador afirmou que as próprias prefeituras das cidades atingidas terão que fazer essas definições.
“Não é o estado que vai chegar ao município e simplesmente dizer como vai se reconstruir, onde e de que forma. Somos uma federação em que os municípios são entes federativos e que precisamos nos unir para tomarmos decisões em conjunto. Essa coordenação envolve a liderança do estado com os municípios e o apoio do governo federal, o que também é importante.”
Segundo o último relatório da Defesa Civil, divulgado esta manhã, o estado tem 463 municípios afetados pelas enchentes, com 581.633 pessoas deslocadas e 76.188 em abrigos. Os incidentes já resultaram na morte de 157 pessoas. Há ainda 88 desaparecidos e 806 feridos.
Construção de moradias
Na entrevista publicada no jornal CNN ao vivo, Leite afirmou que as primeiras moradias permanentes disponibilizadas pelo governo do estado para moradores de rua deverão ser entregues em até seis meses.
“Já emitimos a ordem de início, na semana passada, para o município de Santa Tereza, que fica no Vale do Taquari. Foram planejadas 12 casas. Já emitimos uma ordem de início para 24. Na verdade, já duplicamos o número de casas. E esperamos, portanto, que estas casas estejam prontas dentro de quatro a seis meses.”
Segundo Leite, prefeitos de outras cidades afetadas estão mapeando terrenos que possam acomodar moradias para que, a partir daí, o estado possa providenciar a construção de moradias.
“Do governo federal ainda há uma declaração de que o presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] sobre a vontade de entrar fortemente na questão da habitação, o que é muito bem-vindo. O governo federal tem recursos com capacidade de execução e uma capacidade muito maior que o governo estadual para execução habitacional”, destacou o governador.
O chefe do Executivo estadual destacou a necessidade de que, nesta emergência, as contratações sejam feitas de forma mais rápida do que o convencional. “O importante é que os processos administrativos e contratuais sejam abreviados, respeitando o uso dos recursos públicos, o que envolve transparência e controle sobre o uso desses recursos, mas terão que ser processos rápidos, ágeis, para executar essas casas como assim que possível. ”
Na semana passada, durante coletiva de imprensa em que detalhou o projeto de cidades provisórias para a Grande Porto Alegre, o governador anunciou um modelo de moradia permanente para quem perdeu suas casas na enchente.
Um desses modelos habitacionais, já aprovado, tem 44 metros quadrados e contará com 250 unidades construídas no Vale do Taquari a partir de 21 de maio. O prazo estimado para montagem dessas casas é de 120 dias a partir do início das obras.
Outro modelo é denominado módulo de habitação temporária transportável. São 27 metros quadrados e, segundo o governo, é possível entregar 200 unidades em 30 dias após localizar o terreno e viabilizar estruturas básicas como água, esgoto e energia elétrica. “Estamos realizando uma licitação emergencial para contratação de 500 unidades”, disse o vice-governador. As unidades, afirma Souza, serão entregues com móveis e eletrodomésticos.
Por fim, o governo pretende contratar, no prazo de 40 dias, 2.500 unidades habitacionais de 53 metros quadrados. Estas casas terão dois quartos, uma sala com cozinha e uma casa de banho. Com o terreno pronto e a infraestrutura necessária instalada, a estimativa é que as casas sejam entregues em até 90 dias.
“O Estado fez o que pôde”
Ainda na entrevista desta segunda-feira com CNNLeite garantiu que o Estado “fez tudo o que estava ao seu alcance ao longo destes anos” para evitar uma tragédia climática como a de agora, “mas o seu alcance é curto, pois é um Estado com dificuldades fiscais para poder fazer investimentos em todas as áreas. ”
Ele mencionou as dificuldades financeiras que o estado tem enfrentado nos últimos anos. Uma situação que, segundo o governador, dificultou a tomada de ações mais eficazes.
“Quem conhece e acompanha o Rio Grande do Sul sabe: já faz três anos que atualizamos os salários dos servidores. Os bombeiros não receberam em dia, a Defesa Civil não recebeu em dia. Eu não tinha capacidade de investir em nenhuma frente aqui no estado. Fizemos um grande esforço para colocar este estado em condições de ter as suas contas básicas em dia, recuperar a sua capacidade de investimento e depois, a partir disso, trabalhar sob planeamento em diversas áreas, incluindo a Defesa Civil e a protecção ambiental. , onde o estado também falhou muito e continua tendo suas dificuldades. Você não aperta um botão e, no dia seguinte, está vivenciando todas as soluções, tudo resolvido.”
Leite chamou de “engenheiros prontos” aqueles que criticaram o tratamento da questão climática no estado. “Gostaria de ter atuado com muito mais força e vigor, mas, infelizmente, estamos diante de um cobertor curto que busca atender às diversas demandas que a sociedade tem em diversas frentes. E neste caso, quem critica não traz o que, afinal, deveria ter [sido] feito e com que recursos nos últimos anos faria os investimentos que dizem ter faltado por parte do Estado.”
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