Em entrevista com CNN Esportes S/A que vai ao ar no domingo (19), Eduardo Magrisso, vice-presidente do Grêmio, falou sobre a decisão da CBF de paralisar o Campeonato Brasileiro. Para ele, a discussão nem deveria ter acontecido “pois era tão óbvia a situação” dos clubes gaúchos.
“A suspensão, que foi um pedido que a rigor nem precisaria ser tão óbvio como estava a situação, de não continuar um campeonato diante da tragédia que vivem Grêmio, Inter e Juventude. Somos gente, o futebol é feito de gente, é feito para gente, e não estamos longe do contexto gaúcho. Aquela situação que nos obrigava a jogar futebol, quando nem havíamos salvado as pessoas ao nosso redor, me pareceu absurda demais”, declarou o dirigente, que elogiou a medida da CBF.
“Estou feliz que uma solução foi encontrada [paralisação]. Isto não resolve o problema, dá-nos tempo para nos prepararmos e competirmos em igualdade de condições.”
Decisão dos clubes contra a greve
Em meio à tragédia vivida pelo povo gaúcho, alguns clubes se manifestaram a favor da continuidade do Brasileirão, com times gaúchos jogando e treinando em outros estados. Essa atitude foi classificada como “falta de sensibilidade” por Magrisso.
“Não quero julgar os motivos que levaram os dirigentes a tomar esta postura [votar contra paralisação]. Como treinador, tentamos sempre defender os interesses do nosso clube, mas há momentos em que há interesses muito maiores em jogo. Talvez faltou essa sensibilidade”, disse o dirigente, que aproveitou para elogiar o grupo que votou a favor da greve, e mandar um recado aos clubes “contra”.
“Vejo como positivo o fato da união de 15 clubes tão importantes em um momento tão decisivo. Assim, os clubes que votaram contra terão tempo para refletir e perceber que tomaram a decisão errada”, destacou.
Parceria “na vida” com rivais gaúchos
O vice-presidente do Grêmio elogiou o união com Internacional e Juventude neste momento de tragédia que o estado atravessa. Para Magrisso, a paralisação de dois turnos não basta e ele promete um novo debate com a autoridade máxima do futebol brasileiro.
Somos rivais em campo, mas parceiros na vida. Foi nossa preocupação adiar os jogos por uma questão de solidariedade, e para preservar o equilíbrio técnico da competição. Isto foi parcialmente conseguido com estes dois jogos. Temos que ver o quanto isso é suficiente ou não, mas certamente defenderemos que uma entidade como a CBF tem a condição e o dever de ajudar seus associados num momento de tamanha dificuldade.
Eduardo Magrisso, vice-presidente do Grêmio
A situação do Grêmio
Eduardo Magrisso também lembrou da “operação cinematográfica” de resgate de 45 pessoas que estavam abrigadas no CT do Grêmio durante as enchentes em Porto Alegre.
“Entre as 45 pessoas, 35 meninos de outros estados foram resgatados de carro pelo agressor Diego Costa. Foi uma operação com logística muito intensa. Nosso CT está completamente alagado, porque fica às margens de um importante curso d’água também”, disse o vice-presidente, que detalhou a difícil situação das instalações do clube.
“Temos um instituto chamado ‘Instituto Geração Tricolor’, que é uma entidade beneficente que atende crianças do bairro Humaitá e que também ficou completamente alagado. A Arena ainda está submersa e é administrada por outra empresa, mas o Grêmio tem a desvantagem de não poder jogar lá e não ter acesso à sua sede administrativa. O único lugar do Grêmio que não está alagado é o Estádio Olímpico”, comentou.
Vale lembrar que o Grêmio teve sua loja na Arena saqueadacausando danos financeiros ao clube.
Por fim, o dirigente lembrou que, mesmo com o Campeonato Brasileiro parado, o Grêmio volta a treinar de olho na disputa da Libertadores. A equipe comandada por Renato Gaúcho voltou a trabalhar nesta sexta-feira (17) no CT Joaquim Grava, do Corinthians.
Com a entrevista de Eduardo Magrisso, o CNN Esportes S/A chega à sua 49ª edição. Apresentado por João Vítor Xavier, o programa percorre os bastidores de um mercado que movimenta bilhões e é um dos mais rentáveis do mundo: o futebol.
Em pauta, os temas mais quentes da indústria do futebol mundial, sob a perspectiva da economia e dos negócios.