Em entrevista concedida a CNN, na manhã desta sexta-feira (17), o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), afirmou que equipes da prefeitura já estão trabalhando para limpar bairros onde o nível da água baixou. Ele estima que sejam necessários R$ 100 milhões para limpeza urbana. Aproximadamente 1.000 quilômetros de estradas estão destruídos na capital gaúcha.
Sebastião Melo explicou que, além da lama e da limpeza da rede de esgotos, é necessário recolher um grande volume de lixo que a população tem retirado das suas casas. Inicialmente, esse entulho é levado em caminhões coletores para áreas próximas e, posteriormente, é transportado para locais a aproximadamente 200 quilômetros de distância da cidade.
A Sabesp, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, forneceu 10 bombas para escoar o Guaíba. Dois deles serão transportados por aviões da FAB e os demais serão transportados em caminhões.
Das 23 bombas do município, nove voltaram a funcionar.
“Os arrozeiros gaúchos também estão trazendo bombas para Porto Alegre, para ajudar nisso”, destacou o prefeito.
Orçamento para limpeza
Questionado sobre a disponibilidade de recursos para limpeza da capital, o prefeito disse que espera contar com a ajuda dos governos estadual e federal. “Vamos perder ICMS, vamos perder ISS e vamos ter gastos triplicados. Deve haver compensação por essas perdas para o município. Já falta dinheiro para a normalidade”, declarou.
O prefeito disse que “há um clima muito bom” entre os governos municipal, estadual e federal.
A prefeitura passou a cadastrar as famílias atingidas para que, com um único cadastro, tenham acesso aos diversos benefícios propostos neste momento. Ele espera que algumas burocracias sejam flexibilizadas para aliviar as consequências da tragédia.
“O Brasil nunca passou por um desastre climático como agora. Então não dá para enfrentar essa questão com as leis atuais, como era antes”.
Propostas de habitação
Sebastião Melo informou que há 15 mil pessoas em abrigos na capital gaúcha, sem contar as pessoas que moram em casas de parentes e amigos. “Não há hoje em Porto Alegre estoque de imóveis prontos para receber todos ao mesmo tempo”, alertou.
Segundo levantamento da prefeitura, existe atualmente um estoque de mil imóveis pertencentes a construtoras que trabalham com moradia popular.
Muitos abrigos, segundo o prefeito, já querem ser desativados, principalmente aqueles instalados em escolas e clubes, que precisam voltar à normalidade. “O voluntariado demora, passa, temos que voltar à vida normal”, apontou.
“Faço um apelo ao governo federal para que crie uma estadia solidária de 1000 reais para dar a quem acolhe uma família em sua casa”, disse o prefeito.
“O que não temos é stock imobiliário, mesmo que o governo tenha dinheiro para comprá-lo”, concluiu.
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