Há um ano, a Petrobras (PETR4) anunciou o fim da política de Preços de Paridade de Importação (PPI), na gestão – hoje encerrada – do ex-senador Jean Paul Prates.
Tendo em vista que trouxe menos transparência e previsibilidade na precificação dos combustíveis – mesmo tendo sido bem recebida na época do anúncio por representar menos mudanças do que o esperado em relação ao modelo anterior – a mudança nem sempre significou preços mais baixos dos combustíveis. no Brasil do que as praticadas no exterior. Nem mesmo mais alto.
Os valores cobrados pela estatal pelo diesel e pela gasolina continuaram oscilando nos últimos 12 meses em patamar um pouco abaixo do PPI com defasagem de um mês, segundo estudo da Leggio Consultoria. Segundo a consultoria, não houve grande impacto na precificação e a estratégia funcionou para eliminar picos de preços, “atrasando” o repasse caso o preço subisse. Em caso de queda, a transferência foi realizada praticamente sem demora.
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“A Petrobras seguiu claramente a estratégia divulgada publicamente pela empresa, mantendo os preços oscilando cerca de 5% abaixo do PPI, com defasagem de um mês. Esta é uma estratégia comercial interessante para a empresa, pois permite à empresa capturar o ganho gerado pelas alterações de preços no mercado internacional – mas com um atraso de cerca de um mês – e mantém a concorrência sustentável com os importadores. Além disso, reduz a volatilidade para o mercado brasileiro, o que é bom para a sociedade”, explica Marcus D’Elia, sócio da Leggio.
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Para Pedro Rodrigues, sócio e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o fim do PPI “existiu, mas não existiu”. Apesar da mudança na política de preços, os aumentos continuaram a ocorrer e foram orientados pela paridade. O principal impacto do fim da política teria sido a falta de previsibilidade em relação ao preço para o consumidor.
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Para ele, na presença do PPI seria possível, por exemplo, que um caminhoneiro observasse fatores como queda do câmbio e alta do petróleo como indícios de alta do combustível. A tendência poderia permitir o reajuste do frete para compensar o aumento do preço, o que seria um custo importante para o profissional. “Se ele não tem essa sinalização de preço, como ele vai precificar?”, comenta Rodrigues.
Em relação aos preços, a gestão de Prates “teve sorte” e beneficiou de um preço do petróleo mais ameno (após um grande evento de aumento de preços em 2022), a taxa de câmbio manteve-se mais estável (apesar de aumentos em alguns períodos).
“Portanto, havia uma lacuna que foi aumentando, que foi corrigida naquele momento e que não levou a uma grande prova de fogo. Houve devolução de impostos, ou seja, essa política foi mantida e passou no teste”, considera o diretor do CBIE, destacando que é importante acompanhar o andamento da política de preços, principalmente em momentos de alta do petróleo e de câmbio desfavorável.
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Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, a necessidade de equilíbrio entre o alinhamento com o mercado internacional e as pressões internas marcou o período Prates.
“A administração tentou minimizar os impactos inflacionários ao mesmo tempo em que buscava a sustentabilidade financeira da empresa, o que começa a sinalizar algumas preocupações dados os impactos que já podiam ser percebidos no balanço da empresa”, considera.
Desafios da “Era Magda”
Com a nova gestão, não há, na opinião de Rodrigues, motivos para alterar a atual política de preços. Ele vê como difícil voltar à política anterior e é mais provável que a política atual – quase um PPI, mas menos transparente – seja mantida.
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Parte do mercado espera um alinhamento mais técnico, considerando o histórico da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Para D’Elia, porém, a experiência que o novo presidente da petrolífera tem na área de exploração e produção de petróleo leva à expectativa de maior ênfase na expansão da produção da commodity. Lima considera que seria difícil acreditar na prevalência do lado técnico, dada a demissão repentina de Prates.
O analista destaca que o principal desafio do novo líder é administrar as expectativas do mercado financeiro e as demandas políticas. O novo presidente deverá introduzir “novas práticas que possam incluir uma abordagem mais flexível e talvez menos dependente das variações do mercado externo”, comenta o analista.
Um dos lados será mais difícil de vencer, ao que tudo indica, considerando a queda de 6,04% que as ações preferenciais da empresa enfrentaram na sessão seguinte ao anúncio da destituição e escolha do novo diretor.
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“Com base na reação do mercado, com o interino e depois com a Magda, algumas expectativas são de que a sinalização não seja boa. A possibilidade de decisões mais pró-acionistas do Poder Executivo do que propriamente pró-empresa pesa sempre muito mais. [acionistas] interesses minoritários”, explica Enzo Cozzolino, do Levante.