O CEO da Auren (AURE3), Fabio Zanfelice, afirmou nesta quarta-feira (16), durante teleconferência, que “tamanho importa”, referindo-se à transação que criou a terceira maior geradora de energia do país, com capacidade para 8. 8 gigawatts. A empresa adquiriu todos os ativos da AES (AESB3), que está saindo do país.
“O tamanho é importante em um segmento e indústria de capital intensivo [com alto custo operacional]. E as sinergias são o principal fator nesta transação, devido à semelhança das empresas”, afirmou Zanfelice. A empresa combinada absorverá toda a operação da AES, ficando atrás apenas da Eletrobras e da Engie Brasil em capacidade instalada.
A AES Corporation, dona da AES Brasil, exerceu a opção de receber o preço de compra 100% à vista, visto que a empresa está saindo do Brasil. O grupo Votorantim, acionista controlador, optou por receber 90% em ações e 10% em dinheiro.
Continua após a publicidade
“A expectativa é que no terceiro trimestre de 2024 já estejamos operando com a nova empresa consolidada”, previu o CEO da Auren. A assembleia geral de acionistas está marcada para agosto. Veja a visão dos analistas sobre o negócio.
Para Arlindo Souza, analista da Levante Inside Corp, a maior vantagem da Auren é, além do crescimento, os ganhos de escala com a consolidação de ativos. “Desde a reorganização societária da Cesp com os ativos da Votorantim, que criou a Auren em 2022, surgiu uma empresa com muito espaço para crescer, mas sem oportunidades de investimentos relevantes, devido aos baixos preços da energia”, lembra.
Nova Auren
A “nova Auren” já definiu um plano de incorporação dos 25 ativos da AES, criando uma empresa com 39 ativos. No portfólio, Zanfelice destacou que esta será “uma empresa 100% renovável e a “maior empresa de energia renovável do Brasil”, entre hidrelétrica, eólica e solar. Nas hidrelétricas, Auren não pretende renovar a concessão dos ativos adquiridos e estuda leilão.
Continua após a publicidade
“Auren já tinha um saldo de portfólio importante. Estamos felizes, mas preocupados com o crescimento campo Verdecom a participação de [energia] a energia solar em nosso portfólio, hoje a fonte mais competitiva do mercado e que norteará a expansão do setor elétrico brasileiro”, explicou o CEO da empresa.
Segundo ele, a fusão com a AES permitirá um “equilíbrio que ainda não é ótimo”, mas uma oportunidade de criação e expansão e geração solar. “Existe esse benefício intangível que nos permite continuar a crescer”, disse ele. Hoje, 54% da capacidade de Auren é de geração hidrelétrica, 36% eólica e 10% solar.
Continua após a publicidade
Sinergias
Auren calcula que a compra da AES deverá gerar sinergias de cerca de R$ 120 milhões por ano em custos corporativos e otimização de estrutura, sem contar sinergias financeiras e operacionais. A sinergia pode gerar valor aos acionistas de cerca de R$ 1,2 bilhão. “Em termos operacionais, há uma diferença substancial entre o desempenho operacional dos ativos da AES e da Auren. Já temos um plano para isso”, disse Zanfelice na teleconferência.
Aproveitar
Um dos pontos de atenção é o aumento da alavancagem (nível de endividamento) que a Auren irá adquirir após a compra da AES. A dívida líquida deverá passar dos atuais 1,5 vezes o seu EBITDA para 4,9 vezes. Para Zanfelice, porém, com Ebitda de R$ 3,5 bilhões, a capacidade de geração de caixa “será muito robusta” e, com isso, a geradora espera alcançar “em alguns anos, uma desalavancagem muito rápida”.
“Acreditamos que os dividendos serão mínimos nos próximos trimestres”, disse ele Dinheiro da informação Luan Alves, analista-chefe da VG Research.
Continua após a publicidade
Para Souza, do Levante, a alavancagem de Auren não deve preocupar, já que é subutilizada. “Há espaço para alavancar e não há necessidade de acompanhamento, a empresa tem uma geração de caixa muito forte e vem implementando uma estratégia de marketing de muito sucesso.” Ele calcula que a empresa pode atingir um patamar saudável em 2 anos.
Alves, da VG Research, observa que a Auren possui prejuízo fiscal de R$ 783 milhões que poderia ser usado para compensar o lucro tributável esperado gerado pela AES, gerando uma geração de caixa positiva de R$ 232 milhões.