Um raro episódio de violência abalou a pacífica região da Normandia, no norte da França, nesta terça-feira (14), quando um grupo de homens armados emboscou um trem-prisão para libertar um criminoso conhecido como “A Mosca”.
O ataque ocorreu enquanto Mohamed Amra, de 30 anos, era transportado de uma audiência em Rouen para uma prisão próxima em Évreux.
O veículo que transportava o preso estava em uma rodovia quando foi atingido por tiros, resultando na morte de dois agentes penitenciários, enquanto outros três ficaram gravemente feridos.
Conhecido pelas autoridades
Mohamed Amra, apelidado de “La Mouche”, ou “A Mosca”, é “muito conhecido” pelo sistema judiciário francês, recebendo um total de 13 condenações, segundo a procuradora pública de Paris, Laure Beccuau.
Um tribunal de Marselha está a investigar Amra por uma série de crimes, incluindo participação em homicídio premeditado de gangues, envolvimento em raptos e tomada de reféns, segundo Beccuau.
A afiliada de CNN na França, a BFMTV informa que o homem de 30 anos é suspeito de ser chefe do tráfico de drogas. O advogado de Amra, Hugues Vivier, contesta esta informação, dizendo que não havia nada que alertasse as autoridades de que o seu cliente tinha um perfil “particularmente perigoso”.
Beccuau disse aos jornalistas que o registo criminal de Amra não contém quaisquer condenações por crimes relacionados com drogas.
A maior parte das suas condenações estão relacionadas com incidentes de roubo agravado, explicou Beccuau, acrescentando que está preso em várias instalações desde Janeiro de 2022.
Em 10 de maio, Amra foi considerada culpada de roubo por um tribunal de Évreux, o que resultou numa pena de prisão de 18 meses.
Ele também está sendo investigado em Marselha por um sequestro que resultou em morte, destacou Beccuau.
Além disso, o advogado destacou que o cliente havia sido colocado no nível de segurança três – o que significa que não era um prisioneiro de segurança máxima. Portanto, apenas cinco policiais o escoltavam do tribunal de volta à prisão.
Amra, que nasceu na cidade de Rouen, no norte da França, foi condenada pela primeira vez pelas autoridades em outubro de 2009, aos 15 anos, segundo Beccuau.
As autoridades acreditam que ele tentou escapar da prisão de Évreux dois dias antes da emboscada. Numa entrevista à BFMTV, Emmanuel Baudin, líder sindical dos guardas prisionais, disse: “Sabemos que ele tentou fugir há dois ou três dias, serrando as grades da sua cela. Então os funcionários o transferiram para uma unidade disciplinar.”
Numa entrevista à rádio francesa, a mãe de Amra disse que começou a chorar quando soube da emboscada.
“Eu desabei, chorei. Eu realmente não estava bem. Como vidas podem ser tiradas assim? Isso me deixa doente… É sério”, comentou ela à rede de rádio francesa RTL.
As pesquisas estão em andamento
Uma grande operação para encontrar Amra e os atiradores que participaram da fuga.
A Interpol emitiu um aviso vermelho, um pedido às autoridades responsáveis pela aplicação da lei em todo o mundo para localizarem e prenderem provisoriamente Amra. Isto não é, como sublinha a Interpol, um mandado de captura internacional.
O ministro do Interior, Gerald Darmanin, disse no X que mobilizou a segurança nacional e “centenas” de policiais para caçar o suspeito.
O ministro da Justiça francês, Eric Dupond-Moretti, disse aos repórteres que o incidente foi a primeira vez que um funcionário penitenciário francês morreu enquanto trabalhava desde 1992.
O presidente francês, Emmanuel Macron, escreveu em X que “todos os esforços estão a ser feitos para encontrar os autores deste crime, para que a justiça possa ser feita em nome do povo francês”.
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