Atípico em um primeiro trimestre de melhores resultados em praticamente todas as divisões da JBS, o negócio de gado da empresa nos Estados Unidos continua complicado, e a tendência deve continuar nos próximos meses. Mas os avanços observados em aves e suínos nos EUA e no Brasil devem ganhar força, com impactos positivos nas margens e na curva de redução de alavancagem da empresa.
Com a demanda por carnes de frango e suínos aquecida e custos reduzidos, as divisões Seara, JBS USA Suínos e Pilgrim’s registraram fortes aumentos no lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) de janeiro a março em relação ao mesmo período de 2023 – 711,1%, 569,8% e 77,7%, respectivamente. E persiste o cenário positivo de aumento de rentabilidade nas operações com essas proteínas, nos EUA e no Brasil – incluindo uma clara migração dos consumidores americanos da carne bovina para alternativas mais baratas.
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“Nossa visão para o frango é positiva. A procura cresceu, nos EUA e noutros mercados. A demanda global está firme e a oferta bastante equilibrada”, disse Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, em teleconferência com analistas na manhã desta quarta-feira. Em parte, observou, a oferta mais “equilibrada” de frango neste momento resulta de um processo de adoção de novas genéticas pelos criadores, que está em curso e requer uma certa aprendizagem antes de a oferta arrancar. O mesmo raciocínio se aplica à carne suína.
No caso da carne bovina, a JBS vive situações muito diferentes nos EUA e no Brasil e na Austrália. Aqui o ciclo da pecuária favorece os frigoríficos e os resultados estão aparecendo na divisão JBS Brasil, cujo EBITDA ajustado cresceu 116,9% no primeiro trimestre. Na Austrália as perspectivas são de progresso, mas no mercado americano a oferta de gado continua baixa e os sinais de virada de ciclo são tímidos. Wesley Filho, presidente global de operações da empresa, disse que, dada a sazonalidade natural do mercado, este segundo trimestre é ainda mais desafiador nos EUA, e que o cenário pode piorar antes de melhorar. De janeiro a março, o EBITDA ajustado da JBS Beef North America foi negativo em R$ 48,6 milhões.
Conforme destacaram os executivos da empresa, a força da JBS vem de sua diversificação geográfica e de proteínas, e os resultados operacionais registrados deverão contribuir para uma redução mais significativa do que o esperado na alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e EBITDA). A expectativa inicial era que a alavancagem chegasse a 3 vezes ao final deste ano, mas a tendência agora é que o indicador feche 2024 perto de 2,5 vezes, abrindo mais espaço para pagamento de dividendos e investimentos.
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Maior empresa de proteína animal do mundo, a JBS encerrou o primeiro trimestre do ano com lucro líquido consolidado de R$ 1,646 bilhão, revertendo o prejuízo de R$ 1,453 bilhão registrado no mesmo período de 2023. Na mesma comparação, o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceram 197,3%, para R$ 6,429 bilhões, e a receita líquida consolidada aumentou 2,8%, para R$ 89,147 bilhões. O mercado elogiou os resultados e as ações da empresa subiram quase 7,5% no pregão de hoje na B3.