O Ministro das Finanças, Fernando Haddad (PT)tentou baixar a temperatura e minimizar possíveis atritos entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central (BC), ao comentar, nesta terça-feira (14), a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã.
Em reunião realizada na semana passada, o órgão decidiu, por 5 votos a 4, reduzir o ritmo de queda da taxa básica de juros da economia (a Selic), de 0,5 ponto percentual para 0,25 ponto percentual. Com isso, os juros básicos permaneceram em 10,5% ao ano, interrompendo uma sequência de seis quedas consecutivas de 50 pontos base.
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Questionado pelos jornalistas sobre o conteúdo da ata divulgada pelo BC, o chefe da equipe econômica pareceu satisfeito. “A ata foi muito técnica, muito apropriada e condizente com o que eu, de fato, esperava. Entendi que havia dois cargos técnicos [corte de 0,5 p.p. ou de 0,25 p.p.), respeitáveis, e a ata deixou claro que os argumentos de lado a lado eram pertinentes e defensáveis”, afirmou.
Haddad disse, ainda, que o conteúdo da ata da reunião do Copom “dissipou” o temor de setores do mercado em relação a um “racha” no colegiado entre os diretores indicados pelo governo Lula e aqueles que já estavam no Copom desde antes da atual administração do Executivo federal.
“Ela [tensão do mercado] dissipou-se com os minutos, como prevíamos. Havia mais rumores do que verdade. Agora está tudo tranquilo”, minimizou Haddad. “As minutas falam por si. [Ela é] Muito técnico e justifica ambas as posições com muita clareza. Todos que leram entenderam que as questões estão bem colocadas”, concluiu o ministro.
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Na rápida entrevista coletiva, Fernando Haddad também foi questionado se o centro da meta de inflação continuará a ser perseguido ou se a faixa (intervalo de tolerância) poderá ser utilizada. Segundo o ministro das Finanças, “a faixa existe para casos excecionais”.
Definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para 2024 é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos. Portanto, será considerado cumprido se permanecer entre 1,5% e 4,5%.
O CMN é composto por Haddad, Ministro do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB)e pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. O governo, portanto, tem maioria no órgão.
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“Tivemos uma inflação muito alta, mesmo a inflação de 2022 foi muito maior do que o esperado porque havia um artifício para reduzir a inflação ‘na mão’, que era a isenção de impostos sobre combustíveis. Todos sabiam que isso era um truque para reduzir a inflação no último ano de governo [do ex-presidente Jair Bolsonaro]”, criticou Haddad.
“Mas a inflação no último ano do governo Bolsonaro foi mais de dois dígitos do que de um dígito, mais perto de 10% do que foi anunciado. Agora, a inflação deste ano é ainda menor que a do ano passado. Então, as coisas estão indo bem”, finalizou o ministro.