A Sementes Boa Safra (SOJA3) reduziu seu prejuízo em 63% no primeiro trimestre de 2024, encerrando o período com prejuízo de R$ 5 milhões. Historicamente, os três primeiros meses do ano são os piores para a empresa em termos financeiros, dada a sazonalidade da colheita de grãos no Brasil.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) também melhorou. O indicador foi negativo em R$ 29 milhões no primeiro trimestre, melhorando 9,4% quando comparado ao mesmo período de 2023.
As vendas diminuíram. Devido à demora dos produtores na compra de insumos, o faturamento da Boa Safra encolheu 40,4% no primeiro trimestre, para R$ 69 milhões. Estimativas da empresa indicam que 40% da colheita ainda não foi comercializada, o que levou os agricultores a adiarem o início das compras.
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“Vemos que o atraso na compra de insumos é mais intenso que no ano passado. Muitos produtores ainda têm soja para vender e, tradicionalmente, a busca pelos insumos ocorre após a comercialização da produção”, disse Felipe Marques, diretor financeiro e de relações com investidores da Boa Safra.
Segundo o executivo, o maior número da empresa no primeiro trimestre foi o crescimento da carteira de pedidos. No período, Boa Safra registrou crescimento de 33% em sua carteira, que atingiu R$ 1,28 bilhão. “Este é um novo recorde para um primeiro trimestre e sinaliza o potencial de receita para o ano”, disse ela.
Mesmo que os preços unitários das sementes tenham acompanhado a tendência dos insumos agrícolas e caído, Marques lembra que Boa Safra repetiu a lógica de 2023 no início deste ano: investir em produtos de maior valor agregado.
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Além disso, a diversificação nas vendas de sementes começa a ter impacto. A receita com a comercialização dos chamados “outros” produtos – trigo, milho, forrageiras, sorgo e feijão – atingiu R$ 29 milhões só no primeiro trimestre. Ao longo do ano passado, a categoria registrou faturamento de R$ 18 milhões.
Chuvas no Rio Grande do Sul
A tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul repercute na Boa Safra. Tradicional produtor nacional de sementes, o Estado terá sua oferta impactada, principalmente do ponto de vista qualitativo.
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Além disso, a incerteza sobre o plantio da próxima safra de trigo no Rio Grande do Sul pode fazer com que parte da produção do estado migre para o Cerrado. E é nesse bioma que a empresa tem presença consolidada.
Porém, após o terceiro ano consecutivo de grandes perdas causadas pelo clima, Boa Safra começa a refletir sua estratégia para o Estado. A empresa já começa a repensar seus planos não só para o Rio Grande do Sul, mas para toda a região.
A empresa de Marino Colpo tinha planos avançados para iniciar a construção de uma unidade de processamento de sementes na região Sul, para consolidar a sua liderança no mercado.
Em entrevista com Negócios de mensagens instantâneas Em abril, Colpo lembrou que Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná representam um terço do mercado e que a empresa só começou a vender na região este ano. Boa Safra vinha trabalhando com a ideia de uma entrada orgânica, mas não descartou a possibilidade de uma M&A.