Você está no meio de uma conversa quando não consegue lembrar o nome de um item específico ou de alguém. Em outra ocasião, você tem dificuldade em lembrar a senha de um site onde se cadastrou há alguns meses. Ou você esqueceu uma reunião importante que tinha naquele dia.
A memória É uma função complexa do cérebro e sua dificuldade, ou o aparecimento de lapsos, pode ser causada por diversos fatores. Estresse e falta de sono são alguns dos motivos mais comuns, conforme explica Diogo Haddad, neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Ambos afetam diretamente a nossa capacidade de concentração e retenção de informações”, diz CNN.
Além disso, o excesso de informações a que estamos expostos nas redes sociais e outros meios de comunicação também pode prejudicar a nossa capacidade de concentração e, consequentemente, impactar negativamente a memória.
“Em cada tarefa mental, concentramos a atenção para utilizar os circuitos neuronais necessários para a tarefa. Se durante esse processo alguma outra coisa desviar a atenção, esse raciocínio em andamento para imediatamente, porque o cérebro só processa conscientemente a atividade na qual a atenção está focada, e apenas uma tarefa por vez”, explica Lívia Ciacci, neurocientista sócia da SUPERA, escola de ginástica para o cérebro, em CNN.
O especialista afirma que, ao retornar a atenção para a tarefa inicial, é normal demorar mais para retornar ao mesmo ponto de antes, o que também impacta na capacidade de memória. “A atenção é a porta de entrada para a memória, sempre”, destaca.
O que afeta negativamente a memória?
Vários hábitos diários podem afetar negativamente a memória. Segundo Haddad, a alimentação pobre em nutrientes essenciais, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo estão entre os fatores que mais impactam na capacidade de memória do cérebro.
“O sedentarismo também é um fator negativo, pois a atividade física regular é crucial para manter um bom fluxo sanguíneo para o cérebro, o que, por sua vez, apoia a função cognitiva”, explica o neurologista.
Além disso, fatores associados ao estilo de vida moderno também podem ter impactos negativos na memória. Este é o caso uso excessivo de smartphones, com notificações constantes de mensagens, redes sociais e aplicativos que podem interromper a concentração, segundo Ciacci. Isso se aplica a conversas online em aplicativos de mensagens.
Mas não é apenas a tecnologia que atrapalha. Um ambiente desorganizado também pode ser negativo. “Geralmente subestimamos o poder do ambiente sobre o nosso comportamento, mas o cérebro monitora automaticamente o espaço o tempo todo”, diz o neurocientista. “Um ambiente de trabalho bagunçado pode prejudicar a concentração porque traz constantemente estímulos que distraem o campo visual e porque dificulta ter clareza sobre o que precisa ser feito naquele momento”, completa.
A falta de metas claras, planejamento e organização das tarefas diárias também pode atrapalhar. “Sem objetivos definidos você pode se perder no que está fazendo. O cérebro precisa planejar detalhadamente cada nova ação, por isso a clareza é a maior arma para quem quer aumentar a produtividade e melhorar o resultado do trabalho ou estudo”, afirma Ciacci.
5 dicas para melhorar a memória
Mas então, como melhorar a memória? Em primeiro lugar, é importante tentar perceber o que pode estar por detrás dos lapsos. Segundo especialistas consultados pela CNNem alguns casos, a falta de memória pode ser sinal de alguma condição fisiológica ou neurológica, como deficiência de vitaminas, hipotireoidismo, uso de certos medicamentos e, em casos mais graves, aparecimento do Alzheimer.
Descartadas essas possibilidades, alguns hábitos podem ajudar na função cognitiva do cérebro e, consequentemente, na memória, em termos gerais. Os especialistas listam as seguintes dicas:
1. Mantenha uma alimentação balanceada
Uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais, peixes e óleos saudáveis, como o azeite, é importante para a memória e a saúde do cérebro.
“As vitaminas do complexo B, especialmente B12, B6 e ácido fólico, são importantes para reduzir os níveis de homocisteína no sangue, cujos níveis elevados estão associados a um risco aumentado de alterações de memória”, diz Haddad.
É importante destacar que a alimentação deve ser ajustada com orientação e acompanhamento de profissional adequado, como nutricionista ou nutricionista.
2. Desafie seu cérebro de forma positiva
Você já ouviu a expressão “ginástica para o cérebro“? Refere-se a um conjunto de atividades ou práticas que visam estimular e exercitar as funções cerebrais, promovendo a cognição e a saúde mental.
“Essas atividades visam desafiar o cérebro de forma positiva, estimulando o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como memória, atenção, raciocínio lógico e criatividade”, explica Ciacci.
Esse tipo de prática está relacionada à neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se reorganizar estrutural e funcionalmente. Alguns exemplos de atividades que ajudam a exercitar o cérebro são:
- Quebra-cabeça;
- Palavras cruzadas;
- Jogos de tabuleiro;
- Sudoku;
- Cálculos matemáticos;
- Ábaco.
3. Aprenda novas habilidades
Outra forma de desafiar o cérebro e adquirir conhecimentos é aprender novas habilidades, como um novo idioma, tocar um instrumento musical ou explorar atividades que exijam coordenação e concentração, como o esporte.
Os desafios intelectuais também são importantes. “Participe de debates, discussões ou até mesmo envolva-se em projetos que exijam pensamento crítico e resolução de problemas”, sugere Ciacci.
4. Pratique exercícios físicos
Falando em praticar um novo esporte, a atividade física também é essencial para a saúde do cérebro. Isto é especialmente verdadeiro para exercícios que aumentam a frequência cardíaca, como caminhar, nadar ou andar de bicicleta. “A atividade física regular é benéfica porque melhora o fluxo sanguíneo para o cérebro”, diz Haddad.
Além disso, a atividade física ajuda a regular o sono e a reduzir o estresse, dois fatores que, quando desequilibrados, podem causar danos à memória.
5. Faça meditação
Práticas que promovem a atenção plena e a consciência também podem ajudar a reduzir o estresse e melhorar a clareza mental, segundo Ciacci. Este é o caso da meditação e da atenção plena.
Para começar a meditar, é interessante reservar alguns minutos do dia para focar na prática em si, minimizando distrações. Uma dica é focar a atenção na respiração, para ajudar na concentração.
Quando a falta de memória poderia ser sinal de algo mais sério?
Como vimos, em alguns casos, a falta de memória pode ser sinal de um problema de saúde mais grave. “Isso acontece quando a falta de memória é progressiva, interfere nas atividades diárias e vem acompanhada de outras alterações na função cognitiva, como dificuldades de linguagem, raciocínio, julgamento e alterações de humor ou comportamento”, explica Haddad.
O especialista explica que, ao observar esses sinais, é fundamental procurar avaliação médica para um diagnóstico adequado e discutir opções de tratamento e manejo.
Isso vale também para casos em que a falta de memória é causada por problemas como hipotireoidismo e deficiência de vitaminas, condições que devem ser tratadas com orientação e acompanhamento médico.
“Além disso, transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade, podem contribuir para a sensação de memória prejudicada”, completa. Esses casos também devem ser investigados, monitorados e tratados.
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