A recente escalada de tensões no Médio Oriente, marcada pelo ataque do Irão a Israel com centenas de mísseis, está a gerar repercussões que vão além da região e poderá influenciar significativamente as eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Essa é a análise do professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, em entrevista ao CNN nos bastidores.
De acordo com Trevisan, o primeiro-ministro israelense. Benjamin Netanyahu encontra-se numa posição politicamente favorável, tendo recuperado o apoio interno após os acontecimentos recentes.
“Hoje, numa eleição em Israel, Netanyahu vence, sem dúvida. Recupera 24 a 26 cadeiras no Knesset, avança”, afirmou o especialista, contrastando com o cenário de dezembro, quando Netanyahu enfrentou dificuldades para formar maioria.
Impacto nas eleições americanas
O professor destaca que a situação no Oriente Médio está se tornando um tema central na campanha eleitoral americana, com ambos os lados buscando demonstrar apoio a Israel.
“Observe que Kamala [Harris] Ela foi especialmente incisiva, repetindo duas ou três vezes que temos compromissos intocáveis com Israel”, disse Trevisan, referindo-se ao vice-presidente e candidato democrata.
Por outro lado, o ex-presidente Donald Trump, o candidato republicano, também reitera o seu apoio incondicional a Israel.
“Na prática, Israel está aproveitando o momento e ainda faltam 33 dias para as eleições”, afirma Trevisan.
Cenários pós-eleitorais
O especialista traça diferentes cenários dependendo do resultado das eleições americanas. Se Trump vencer, espera-se um forte alinhamento com Netanyahu, embora Trevisan sugira que “talvez Israel tenha de dosar, porque Trump tratará da venda e troca de armas”.
No caso de uma vitória democrata, Trevisan acredita que os setores em Israel que defendem a solução de dois Estados poderão ganhar força.
No entanto, sublinha que “mesmo que Kamala vença, a situação terá de ser adiada à pressão de Kamala, porque no contexto político israelita será muito difícil”.
O professor conclui alertando para a complexidade da situação, mencionando também o papel dos “países árabes moderados que são, usemos essa ideia, o amigo oculto de Israel”, indicando que o jogo geopolítico na região envolve múltiplos atores e interesses.
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