Um exame de ultrassom foi capaz de detectar 96% dos cânceres de ovário em mulheres na pós-menopausa em um estudo realizado no Reino Unido. Publicadas na revista médica Lancet Oncology, renomada revista médica, nesta segunda-feira (30), as descobertas indicam o potencial dos exames de imagem para substituir o exame padrão para diagnóstico da doença.
A pesquisa foi financiada pelo Instituto Nacional de Pesquisa e Cuidados de Saúde (NIHR) e liderada pela professora Sudha Sundar, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. O trabalho comparou todos os testes atualmente disponíveis para diagnosticar o câncer de ovário em mulheres na pós-menopausa em um estudo sobre a precisão dos testes diagnósticos de alta qualidade.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum, atrás apenas do câncer de colo de útero, com estimativa de 7.310 novos casos por ano. Entre os fatores de risco para a doença estão a idade e fatores reprodutivos e hormonais, incluindo a menopausa tardia (após os 52 anos), além de histórico familiar, excesso de gordura corporal e fatores genéticos (como mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, os mesmos que aumenta o risco de câncer de mama).
Atualmente, no Brasil, os exames mais solicitados para diagnosticar o câncer de ovário são o marcador tumoral CA-125 (medido por exame de sangue), ultrassonografia transvaginal (que identifica o tamanho dos ovários), tomografia computadorizada de abdômen e pelve (ajuda no caracterizando melhor a massa pélvica), ressonância magnética de abdômen e pelve (avalia os órgãos pélvicos e auxilia no diagnóstico) e radiografia ou tomografia de tórax (avalia se o câncer se espalhou para os pulmões).
No Reino Unido, o padrão atual para diagnóstico é o teste de risco de malignidade (RMI1), que identifica até 83% dos cancros do ovário. No presente estudo, dos seis exames diagnósticos analisados, um modelo denominado IOTA ADNEX — que analisa características do ultrassom — teve melhor precisão e foi capaz de detectar até 96% das mulheres com câncer de ovário.
Diante dos resultados, os pesquisadores recomendam que um novo modelo substitua o atual teste de tratamento padrão no Reino Unido e, além disso, sugerem que o novo teste pode acelerar o diagnóstico precoce da doença.
“Esta é a primeira vez que um estudo comparativo de todos os testes de câncer de ovário disponíveis foi feito na mesma população. Aqui, estudamos seu uso em mulheres sintomáticas na pós-menopausa que correm maior risco de desenvolver esse tipo de câncer. Nosso estudo descobriu que o protocolo de ultrassom IOTA ADNEX teve a maior sensibilidade para detectar câncer de ovário em comparação com o tratamento padrão e outros testes”, explicou Sundar, em comunicado à imprensa.
“O diagnóstico precoce do câncer de ovário é vital e estamos satisfeitos em ver esta pesquisa demonstrar que existem maneiras mais precisas de usar o ultrassom. Quanto mais cedo o câncer de ovário for diagnosticado, mais fácil será o tratamento e mais bem-sucedidos serão os resultados”, comenta Annwen Jones OBE, CEO da Target Ovarian Cancer, no comunicado.
“Juntamente com esta investigação inovadora, precisamos de uma maior sensibilização sobre os sintomas do cancro do ovário para que as mulheres saibam que devem consultar o seu médico para fazer o teste e receber o melhor tratamento possível o mais rapidamente possível. É crucial que novas formas de trabalhar como esta sejam implementadas o mais rapidamente possível”, acrescenta.
Endometriose aumenta o risco de câncer de ovário em quatro vezes
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