Na manhã desta sexta-feira (20), ganhou destaque na política a informação de que os senadores Eduardo Braga (AM) e Renan Calheiros (AL), ambos do MDB, foram indiciados pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa sob a acusação de terem recebido propina defender os interesses de uma empresa no Congresso Nacional. A notícia também voltou a envolver a Hypera (HYPE3), empresa de capital aberto, nas páginas políticas, embora analistas não vejam muito impacto para a ação.
O indiciamento dos senadores, e também do ex-senador Romero Jucá, foi publicado pela primeira vez pelo portal UOL e confirmado pela Reuters com fonte da PF. A suspeita é que, por meio de um emissário, o trio tenha recebido R$ 20 milhões do antigo grupo Hypermarcas, hoje Hypera.
Segundo investigações realizadas desde 2018, os três senadores e o ex-senador estão sendo acusados de receber R$ 20 milhões em propina da atual Hypera em 2013-2016 (na época Hypermarcas) em troca de apoiar os interesses da empresa no Congresso Nacional.
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Em nota, a Hypera Pharma disse que em 2020 concluiu as investigações internas sobre irregularidades ocorridas entre 2013 e 2015. “O assunto foi concluído por meio da assinatura de acordo de leniência em 2022”, acrescentou.
“A notícia deve trazer alguma volatilidade às ações, mas provavelmente terá vida curta.
O acordo de leniência Hypera assinado pela empresa já encerrou as investigações, com a empresa concordando em melhorar as práticas de governança e ao mesmo tempo cooperar com os investigadores, fornecendo todas as informações necessárias – provavelmente o gatilho para as acusações que impulsionaram as notícias de hoje”, destacou. O JPMorgan divulgará em breve uma nota de análise.
Além disso, os R$ 110 milhões em multas já foram pagos pelo fundador da empresa, João Alves de Queiroz Filho, que também assinou acordo de delação premiada referente às mesmas investigações e cooperou com a justiça. O banco tem uma recomendação sobrepeso (exposição acima da média do mercado, equivalente a compra) para ações HYPE3. Às 12h30 (horário de Brasília) desta sexta-feira (20), as ações HYPE3 caíam 2,16%, a R$ 27,67, mas também em dia negativo para o Ibovespa.
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Vale destacar que na noite anterior os analistas do Itaú BBA reiteraram a recomendação superar (desempenho acima da média do mercado, equivalente a compra) para as ações HYPE3 e elevou o preço alvo de R$ 35 para R$ 37, mas avaliando que o momento operacional desafiador deve continuar.
“Um início de 2024 mais suave em termos de margem bruta, combinado com o maior foco da empresa na competitividade no segmento de genéricos e na desvalorização cambial, poderia potencialmente impactar a margem EBITDA da empresa no segundo semestre do ano”, afirmaram.
Mais sobre o caso
A conclusão da investigação ocorre seis anos após o início da investigação do caso.
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Segundo a fonte da PF, a investigação, que tramita sob sigilo judicial, foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) no mês passado. O relator, ministro Edson Fachin, encaminhou o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR) para avaliar se deve abrir denúncia contra os envolvidos.
A defesa de Braga afirmou, em comunicado oficial, que a acusação são “conclusões bizarras” sem respaldo dos elementos da própria investigação.
“Há indícios muito claros de que o parlamentar não manteve contato com o denunciante, que, além de mudar de versão quatro anos depois, baseia suas declarações em mero ‘boato’. Não tenho dúvidas de que a investigação será arquivada. É triste, porém, ver mais um episódio de vazamentos ilegais”, criticou o advogado Fabiano Silveira.
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A defesa de Jucá disse repudiar o indiciamento, que teria sido apurado “com base única e exclusivamente na delação premiada do executivo do grupo Hypermarcas”. Disse que colaborou com as investigações, prestou esclarecimentos e que a acusação é uma “tentativa de criminalizar a política”.
“É da natureza da função parlamentar conectar-se com setores da sociedade, com empresários e grupos económicos. Além disso, contribuições legítimas para campanha política, dentro das regras eleitorais, com aprovação das contas do partido político pela Justiça Eleitoral, jamais poderão ser consideradas como compensação por suposto ato de corrupção”, afirmaram seus advogados, em nota.
O gabinete de Renan não retornou imediatamente um pedido de comentário.
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Braga e Renan estão próximos ao Palácio do Planalto. Braga é líder do MDB no Senado e atual relator da reforma tributária na Câmara. Renan, por sua vez, é um importante aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tem seu filho Renan Filho como ministro dos Transportes.
(com Reuters)
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