O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que é preciso ser honesto intelectualmente e colocar “na mesa” a realidade sobre os gastos públicos brasileiros. Haddad enfatizou que, diante dos números, não “alivia” nem mesmo os governos petistas.
“Precisamos ser intelectualmente honestos uns com os outros e colocar números na mesa, verificar onde começou o problema. Não sou uma pessoa que pega leve nem para os governos petistas, número é número e você tem que encarar isso. Só com esta verdade encontraremos o caminho para a sustentabilidade estrutural, que é o objectivo central do Tesouro”, disse o ministro durante evento promovido pela Valor Econômico.
Haddad reconheceu a dificuldade de avançar na agenda de revisão de gastos – que tem sido frequentemente exigida pelo mercado –, mas reforçou que a solução precisa ser construída na política.
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“Não adianta entrar no confronto com uma derrota certa. É um processo de convencimento (…) É difícil, ninguém quer ceder, todos pensam que o seu ministério é o mais importante, que a sua agenda é o mais importante, que ele é o farol do desenvolvimento. Normal. Mas estamos a trabalhar exaustivamente para explicar como tem de funcionar a ecologia das coisas”, reforçou.
Haddad disse ainda que a equipe econômica não nega a existência de problemas envolvendo despesas governamentais. “O problema é quando você nega o assunto. Quando você começa a negar que o problema existe, corre sério risco de se machucar. Mas não estamos fazendo isso nem um dia”, disse ele. Ele foi questionado sobre os limites da agenda de revisão de gastos e a possível necessidade de promover uma nova reforma previdenciária durante o atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
AC
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Haddad garantiu que as indicações para o conselho de administração do Banco Central (BC) têm princípio técnico e não político. Ao comentar a escolha de Gabriel Galípolo para comandar o BC a partir de janeiro, Haddad sustentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não indica nomes para que façam o que o chefe do Executivo quer.
Os membros indicados pelo governo para o BC, emendou Haddad, chegam à instituição porque foram destacados como técnicos capazes de fazer o Brasil atingir as metas de inflação, levando em conta os indicadores econômicos e o novo regime de metas continua.
Haddad ressaltou que o governo está aprimorando o tripé econômico, com inovações nas áreas fiscal, monetária e cambial.
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Questionado sobre as decisões sobre taxas de juros que ocorrerão na quarta-feira no Brasil e nos Estados Unidos, Haddad avaliou que houve um descompasso entre os bancos centrais do mundo. Lembrou que, depois de o mercado ter previsto o início dos cortes de juros nos Estados Unidos em junho, a comunicação, que julgou “torta” da Reserva Federal, levou muitos investidores a imaginar que a instituição iria aumentar a sua taxa.
As incertezas sobre os Fed Funds, destacou Haddad, complicaram a situação no Brasil, contribuindo para uma série de desancoragens. Com a perspetiva de cortes nas taxas de juro por parte da Fed, com adesão ao Banco Central Europeu (BCE), o ministro entende que está a ocorrer uma recoordenação dos bancos centrais. “São considerações que o Banco Central do Brasil deverá levar em conta na hora de tomar uma decisão”, comentou Haddad, ao discursar na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom).
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