A agência reguladora do setor de petróleo e combustíveis, ANP, reduziu nesta sexta-feira (10) o alcance da redução temporária da mistura mínima de biodiesel no diesel e etanol anidro na gasolina no Rio Grande do Sul, diante dos eventos climáticos, para apenas quatro municípios.
A partir de agora, segundo o regulador, apenas Canoas, Esteio, Rio Grande e Santa Maria poderão reduzir temporariamente os percentuais de mistura obrigatória de biocombustíveis e não mais todo o estado, conforme anunciado na última segunda-feira (6).
“A redução da cobertura para esses quatro municípios deveu-se à identificação, por parte da ANP, de que a situação de abastecimento no restante do estado havia se estabilizado”, explicou o município, que também manteve o prazo de 30 dias para a medida, contando da decisão original de 4 de maio.
A medida foi anunciada após a Frente Parlamentar do Biodiesel Misto do Congresso Nacional (FPBio) argumentar que a decisão anterior era prejudicial à economia no momento da recuperação do estado, devido à calamidade que atinge a população gaúcha.
“A ANP fez certo ao responder à FPBio”, afirmou o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da FPBio, em nota.
“A comercialização desse biocombustível é fundamental para ajudar a reverter a economia, justamente neste período em que há um esforço para promover a reparação dos danos às pessoas e a recuperação do Estado para que a população gaúcha possa retomar suas atividades.”
Ao tomar a medida, no início da semana, a ANP explicou que buscou garantir o fornecimento de combustíveis com controle de qualidade, diante das dificuldades de abastecimento, principalmente no acesso ao biodiesel e ao etanol anidro, que normalmente chegariam por rodoviário ou ferroviário até bases de distribuição em Esteio e Canoas (RS).
Do lado dos combustíveis fósseis, não houve alteração na oferta, pois eles chegam por meio de ligação dutoviária da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), da Petrobras, em Canoas (RS), e às bases de distribuição do entorno.
Nas quatro cidades, o diesel S-10 vendido nos postos poderá ter pelo menos 2% da mistura de biodiesel do estado, ante 14% do percentual atual, enquanto o diesel S-500 poderá ficar sem mistura de biocombustível, informou o município.
A gasolina poderá ter temporariamente no mínimo 21% de etanol anidro, contra 27% da mistura atual.
A ANP destacou em seu comunicado que o prazo de vigência da medida, bem como os locais onde ela vigora, poderão ser alterados dependendo das condições de abastecimento do estado, onde foi declarado estado de calamidade pública devido às chuvas que impactaram a região . desde a semana passada.
“Apesar da interrupção da operação ferroviária e de duas bases de distribuição de combustíveis em Canoas/Esteio, a entrega de produtos na região metropolitana continua melhorando e os volumes estão próximos da média antes da enchente”, afirmou o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). em boletim desta sexta-feira.
O abastecimento da base aérea de Canoas, bem como dos aeroportos indicados pelas companhias aéreas como prioritários de apoio ao estado, está equalizado, acrescentou o IBP, que representa importantes agentes do setor, como a Petrobras e as três principais distribuidoras do país. país: Vibra Energia, Raízen e Ipiranga, do grupo Ultra.
Estações subaquáticas
A medida da ANP contribuiu para que o setor conseguisse lidar com os desafios, disse à Reuters o presidente do sindicato local de empregos Sulpetro, João Carlos Dal’Aqua.
Dal’Aqua reiterou que não falta produto no estado, mas ainda há grande dificuldade logística para entrega do combustível em determinadas regiões.
“Porto Alegre tem praticamente apenas uma entrada, até hoje, para acesso. Então, um caminhão que fazia uma viagem em três horas agora está demorando oito, dez horas. Tudo isso dificulta”, afirmou.
Ele destacou ainda que também não foi possível fazer um levantamento completo de quantos e como os postos de combustíveis foram afetados, dos cerca de 3 mil que o estado possui atualmente, em meio a inúmeras dificuldades, inclusive no contato com os revendedores diante das tragédias.
“Temos dezenas de estações submersas, completamente inundadas”, disse ele.
“Sabemos que só uma distribuidora tem mais de 20 postos afetados, só uma tem alguns que foram atingidos por água, por alagamento, outros tiveram enchente e levaram muita coisa, outros estão alagados até hoje, então estamos tentando mapear isso, mas não é fácil.”
Na véspera, a Vibra Energia informou que estava operando sua base de Canoas com até cerca de 50% de sua capacidade, pois a demanda foi impactada pelas fortes chuvas na região, que interromperam o fluxo nas estradas.
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