O episódio de ataque do apresentador José Luiz Datena (PSDB) contra o ex-técnico Pablo Marçal (PRTB) durante o debate em TV Culturano domingo (15), é “lamentável”, uma “violação dessas normas de conduta”, e sintomática de um sentimento de revolta dos eleitores, mas não deve alterar significativamente o cenário das eleições para prefeito de São Paulo. A avaliação é de Christopher Garman, diretor executivo para as Américas do grupo Eurásia.
“É um episódio profundamente lamentável, não me lembro de um candidato atacar outro num debate ao vivo como esse. Parece-me sintomático de um ambiente onde as eleições estão a ser fortemente influenciadas por este profundo desencanto, e os candidatos acabam por surfar nesta onda de revolta contra o sistema, e utilizando mecanismos e retóricas mais propícias a atos como estes. Dito isto, não creio que terá um impacto relevante na eleição”, analisa Garman em entrevista ao InfoMoney.
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Segundo o profissional, apesar do episódio ter dado mais tempo de exposição a Marçal, este já recebeu bastante atenção mediática, não devendo beneficiar de cobertura adicional da imprensa após os acontecimentos de ontem. Além disso, diz ele, é “prematuro” comparar o ataque sofrido pelo candidato ao esfaqueamento contra Jair Bolsonaro antes das eleições presidenciais de 2018.
“Um ato de violência como esse no debate tem menos repercussão. Eleitoralmente, o que transmite é um sinal de caos e violência na própria campanha. Portanto, não está claro se ele se beneficiará de um fenômeno mais amplo. Na reta final esse tipo de evento tem um pouco mais de impacto, mas nossa aposta na Eurásia é que não terá impacto”, explica Garman.
“Vimos até um ataque contra Donald Trump nos Estados Unidos que teve um impacto muito pequeno, quase nulo, nas eleições. Então, perante o tribunal público, o impacto [da agressão a Marçal] tende a ser muito modesto”, acrescenta.
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Quanto a Datena, que disse que não desistirá da campanha e que não se arrepende de ter jogou uma cadeira no oponentea agressão deverá prejudicar ainda mais o seu potencial para atrair votos. “É uma candidatura que já estava em declínio dramático, e continua em declínio. Os votos para Datena estão caindo e parece que estão migrando para a candidatura de Nunes. É provável que esta tendência se agrave ainda mais”, avalia o diretor da Eurásia.
Favorita Nunes
Mesmo depois do debate e do episódio de agressão, a Eurásia mantém sua avaliação de que, nesta reta final da corrida eleitoral, o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)tende a aumentar seu favoritismo. A razão, explica Garman, é um movimento útil de votação, que deve se aprofundar no segundo turno, mas sobretudo uma tendência de continuidade das eleições em diversas capitais, com níveis de aprovação que não sinalizam desejo de mudança por parte do eleitor. .
“A média de aprovação das 27 capitais hoje é de 58%. O índice de aprovação do governo Nunes, em média, é de 44-45% e, geralmente, quando um titular tem taxa de aprovação acima de 40%, o índice de reeleição é maior, o que é um sinal de que o eleitor não está insatisfeito. com o status quo”, afirma o especialista.
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“Estamos em um ambiente não só onde a economia vai bem, a renda real está subindo, mas as prefeituras têm dinheiro em caixa, historicamente, porque os gastos com pessoal foram retidos e as receitas aumentaram, dado o crescimento da economia e do lado da inflação. Os autarcas estão a transformar as suas cidades em estaleiros de construção”, acrescenta o diretor da Eurásia.
Por outro lado, na visão de Garman, Marçal mostra muita competitividade por uma questão interna entre a base mais conservadora do eleitorado, que demonstra profunda inquietação e um sentimento antissistema muito forte. “Ele é o único candidato antissistema nessa disputa, então ocupa esse espaço, e ainda tem chance de chegar ao segundo turno.
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